O Chile calcula neste domingo, 28, o saldo da devastação causada por um dos maiores terremotos da história, que deixou 708 mortos, além de disparar alarmes de tsunamis no Japão e em outros países do Pacífico no sábado. Neste domingo, 28, o alerta de tsunamis foi cancelado pela Administração Nacional de Atmosfera e Oceanos (NOAA, em inglês), dos Estados Unidos. Mas um novo tremor de 6,2 graus na escala Richter abalou neste domingo as regiões central e sul do Chile.
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"Dois milhões de pessoas foram afetadas", disse a presidente do Chile Michelle Bachelet, acrescentando que serão necessários vários dias para avaliar "os danos da enorme devastação".
 
A presidente Bachelet, que deixa o cargo em 11 de março, emitiu uma mensagem de condolências e solidariedade às vítimas do forte terremoto que castigou 80% do país, e pediu a todos seus compatriotas que se ergam para reconstruir um país acostumado a desastres naturais. Declarou "zona de catástrofe" seis regiões do país, o que permitirá liberar os recursos econômicos para ajudar a população do centro do país e disse que o terremoto "foi uma catástrofe de consequências devastadoras".
 
A presidente adiou para 8 de março o início das aulas. O aeroporto da capital permanecerá inoperante até segunda-feira, mas o metrô de Santiago voltará a funcionar neste domingo.
 
Réplicas
 
Após o terremoto da madrugada de sábado, houve 110 réplicas, das quais mais da metade tiveram magnitudes superiores a 5 graus na escala Richter.
 
Um tremor de 6,2 graus na escala Richter abalou neste domingo as regiões central e sul do país.
O sismo foi sentido às 8h28 (na hora local e em Brasília) de Valparaíso, 100 quilômetros a noroeste de Santiago, até Concepción, 500 quilômetros a sul da capital.
 
O Serviço de Geologia dos Estados Unidos informou que o sismo teve magnitude de 6,2 graus na escala Richter, enquanto no Chile o Escritório Nacional de Emergência (Onemi) disse que a intensidade foi de 6 graus na escala internacional de Mercalli, que vai de um a 12, na região de Maule.
 
Segundo Carmen Fernández, diretora do Onemi, os primeiros relatórios assinalam que se tratou na realidade de três tremores consecutivos, mas não sabia informar se causaram novos danos.
 
Poe medo das réplicas, centenas de pessoas dormiram em colchonetes nas ruas do centro de Santiago. Em Concepción, a segunda cidade do país, com de 670 mil habitantes e distante 115 quilômetros do epicentro do terremoto, milhares de pessoas passaram a noite em tendas improvisadas e abrigos. Alguns perambulavam pela cidade empurrando seus pertences em carrinhos de supermercado. A cidade está sem lua e sem água e os únicos veículos a circular são os da polícia. Dezenas de bombeiros tentam resgatar os sobreviventes dos escombros de um edifício de 14 andares que caiu com o tremor.
 
"Nós passamos toda a noite trabalhando, removendo paredes para procurar sobreviventes. O grande problema é combustível, nós precisamos de combustível para nossas máquinas e água para as pessoas", disse o comandante Marcelo Plaza.
 
Segundo a diretora do Escritório Nacional de Emergência (Onemi), Carmen Fernández, o número de mortos aumentará à medida que evolui o trabalho das equipes de emergências e disse que até dentro de 72 horas não se conhecerá a "dimensão total" do terremoto, que o ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma, qualificou como "um cataclismo de dimensões históricas".
"Desde o ano de 1960 (data do terremoto de Valdivia, o maior da história, de 9,5 graus Richter) nunca tínhamos tido um terremoto assim", disse Pérez Yoma.
 
Solidariedade
 
O papa Bento XVI disse no Domingo que suas orações estavam sendo feitas pelas vítimas do terremoto no Chile: "rezo pelas vítimas e estou espiritualmente perto das pessoas afetadas por tão grave calamidade" disse o pontífice após o Ângelus na Praça San Pedro. Bento XVI acrescentou que pedia a Deus "alívio em seus sofrimentos e coragem na adversidade".
 
O presidente da China, Hu Jintao, enviou uma mensagem de pesar a sua colega chilena, Michelle Bachelet. Segundo informou hoje a agência oficial "Xinhua", Hu expressou suas "sinceras condolências" a Bachelet, seu Governo e todo o povo chileno, assim como às vítimas do tremor, além de oferecer ajuda de emergência para atenuar os efeitos do tremor. A China foi vítima de um forte terremoto de 7,8 graus na escala Richter, que devastou a região montanhosa da Província de Sichuan em 2008.
 
(Reportagem atualizada às 16 horas)