29 de julho de 2010 | 22h45
Chanceler do Equador, Ricardo Patiño, fala durante reunião. Foto: José Jácome/Efe
QUITO- A reunião do Conselho de Chanceleres da União de Nações Sul-americanas (Unasul) terminou na noite desta quinta-feira, 29, sem acordos de solução sobre a crise diplomática entre Venezuela e Colômbia.
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Os chanceleres, ao constatar a falta de consenso, pediram à presidência rotativa do órgão, a cargo do Equador, que convoque uma cúpula presidencial, o mais rápido possível, para que os governantes dos doze países membros do organismo analisem as diferentes posições apresentadas hoje em Quito.
O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, ao resumir as discussões de hoje, destacou a vocação pacifista de seus colegas e o ímpeto para encontrar saídas para as divergências entre Caracas e Bogotá.
No entanto, admitiu que não houve decisões consensuais que aproximem a possibilidade de uma solução. "Não vamos ter um documento oficial assinado por cada um dos chanceleres, pois ainda há posições distintas" que não permitiram a elaboração de um documento final, explicou Patiño em entrevista coletiva na Chancelaria equatoriana, sede da reunião, onde apareceu ao lado de seus colegas da Venezuela e Colômbia.
O chefe da diplomacia equatoriana disse que ficou claro na discussão o compromisso para "evitar a presença de gruposirregulares que afetam a harmonia na região, que desenvolvem atividades fora da lei e que perturbam a existência da paz em cada um de nossos países e da região".
Além disso, fez um chamado à Presidência temporária e à Secretaria-Geral da Unasul para que "recolham os critérios, as propostas, os planejamentos dos diferentes países com relação às possibilidades para buscar a paz na região".
Patiño reiterou que os chanceleres solicitam uma cúpula de presidentes da União para tratar este "problema ainda não resolvido" e que requer de "um maior nível de definições e de acordos, ao maisalto nível".
Por isso, insistiu no convite aos chefes de Estado sul-americanos para que se reúnam "o mais em breve possível", e tratem os temas já discutidos pelos chanceleres.
Reiterou que suas palavras "não comprometem" nenhum dos chanceleres presentes na reunião e só refletem "esse desejo imenso" de "encontrar a paz, a cordialidade entre nossos países, entre nossos governos e nossos povos".
Patiño, além disso, destacou a importância do fato de os chanceleres da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Jaime Bermúdez, tenham se sentado à mesma mesa para discutir iniciativas de solução, junto com seus colegas do subcontinente.
Após o fim da reunião, que durou cerca de quatro horas e meia, o chanceler colombiano falou com a imprensa e reiterou que os inimigos da Colômbia são dois: "o narcotráfico e o terrorismo".
"Com os povos irmãos, com os países vizinhos, queremos a melhor relação, mas para superar as dificuldades, a Colômbia precisa combater isso", a subversão e o narcotráfico, disse Bermúdez.
Reiterou a denúncia de que guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) se refugiam em território venezuelano, aos quais pediu que se desmobilizem.
A reunião desta quinta-feira teve a participação dos chanceleres da Argentina, Héctor Timerman; da Bolívia, David Choquehuanca; do Chile, Alfredo Moreno; do Peru, José Antonio García Belaúnde; e doUruguai, Luis Almagro.
Além disso, os vice-chanceleres do Brasil, Antonio Patriota; e do Paraguai, Jorge Lara Castro; assim como o embaixador do Suriname em Brasília, Mavis G. Demon-Belgraef; e do secretário de gestão pública da Secretaria-Geral da Unasul, Juan Abal Medina.
O presidente venezuelano Hugo Chávez rompeu as relações diplomáticas com a Colômbia após o governo de Álvaro Uribe denunciar na OEA a suposta presença de guerrilheiros em território venezuelano, com o possível consentimento de Caracas.
Texto atualizado às 1h10
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