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Uribe chega a Buenos Aires; Chile respeita decisão colombiana

Michelle Bachelet 'reiterou que o Chile respeita a soberania' da Colômbia em relação à presença militar dos EUA

Atualização:

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, chegou nesta quarta-feira, 5, a Buenos Aires para se reunir com a governante argentina, Cristina Fernández de Kirchner, com quem conversará sobre os detalhes do acordo militar que negocia com os Estados Unidos.

 

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Depois de passar pelo Chile, Uribe e sua comitiva foram recebidos pelo ministro das Relações Exteriores argentino, Jorge Taiana, que os acompanhará na audiência com Cristina na Casa Rosada, sede do Executivo da Argentina.

 

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Uribe começou sua viagem pela América do Sul ontem, ao visitar Peru e Bolívia. Depois da Argentina, o governante colombiano segue ainda hoje para o Paraguai e, na quinta, visita o Uruguai e o Brasil, onde se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Ontem, o assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, disse  ao assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general Jim Jones, que a existência de bases militares americanas na região lembram a Guerra Fria. "Expressei nossa percepção de que bases estrangeiras na região se parecem um pouco com um resquício da Guerra Fria", disse o assessor de assuntos internacionais.

 

A expectativa do governo brasileiro é a de que essa polêmica seja extinta com um recuo da Colômbia. A ocasião para tratar do assunto se dará amanhã, quando o presidente colombiano, Álvaro Uribe, desembarcará em Brasília para uma audiência com Lula. "Uribe avaliará o custo-benefício disso", declarou Garcia. Ele adiantou também que Lula insistirá para que Uribe participe da reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), no dia 10, em Quito, Equador.

 

Chile

 

No Chile, manifestantes organizaram uma manifestação contra o plano militar e detidos pela polícia durante a chegada de Uribe ao local.

 

"O que posso informar é que a presidente do Chile reiterou que o Chile respeita a soberania, o interesse nacional e as decisões políticas de cada país desse continente e nesse caso particularmente da Colômbia", disse o chanceler chileno, Mariano Fernandez.

 

Na semana passada, Michelle Bachelet disse no Brasil compartilhar as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que até agora se mostrou contrário à utilização de bases militares colombianas pelos Estados Unidos.

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Ao término da reunião de cerca de uma hora e meia com Bachelet, qualificada como "privada", Uribe disse ter tido "um diálogo bem importante" com a presidente, que disse que organizações como a Unasul poderiam tratar de temas como a presença militar dos Estados Unidos na Colômbia.

 

O chanceler chileno acrescentou que os países têm diferentes acordos militares "e nós somos partidários de respeitar esses acordos e em todo caso tempos diferentes organizações para conversar de maneira civilizada, democrática e adequada", acrescentou um referência à Unasul, que se reunirá no próximo dia 10 em Quito.

 

Outros países

 

O líder peruano, Alan Garcia, um forte aliado de Uribe, disse que o Peru apoia o que chamou de "políticas fundamentais" do governo colombiano "Acredito que a história reconhecerá, em breve, o quanto foi feito em favor não apenas da Colômbia, mas do modelo democrático do nosso continente graças à força mostrada pelo presidente Uribe e seu governo", disse Garcia. O peruano comentou também o giro diplomático do colombiano para discutir a ideia. "O Uribe teve a sensibilidade para se dar conta de que o clima na região não está bom", disse Garcia.

 

Como já era esperado, Uribe teve uma escala difícil na Bolívia e ouviu críticas de Evo Morales. "Permitir bases militares na América Latina é uma agressão aos governos e democracias da América Latina. Vamos defender a soberania da América Latina", disse Morales após o encontro com Uribe. O boliviano anunciou que seu governo defenderá uma resolução na próxima cúpula da União Sul-americana de Nações (Unasul) contra instalação de bases militares estrangeiras na região. Uribe saudou "o povo irmão boliviano" e agradeceu a recepção do seu anfitrião.

 

Além da Bolívia, os governos da Venezuela, Nicarágua, Equador e do Brasil também criticaram os planos do governo colombiano. A escolha do Peru como primeiro escala da missão diplomática foi estratégica. García foi o único presidente a manifestar publicamente seu apoio ao acordo militar entre Bogotá e Washington, na semana passada. O desembarque em Brasília será na quinta. O governo colombiano informou que Uribe adiantará em um dia a visita que faria a Buenos Aires na quinta-feira. A mudança da data teria sido pedida pelo próprio Uribe à Cristina Kirchner, presidente argentina. Em seguida, o colombiano visita ainda Chile, Brasil, Paraguai, Bolívia e Uruguai. Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera convencê-lo a desistir do acordo.

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