Venezuela declara embaixador do Brasil 'persona non grata'

Responsável pela determinação foi a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela por meio de sua presidente, a deputada Delcy Rodríguez

PUBLICIDADE

Por Lu Aiko Otta
Atualização:

BRASÍLIA - A Venezuela ordenou neste sábado (23)  a expulsão do embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, ao declarar o diplomata “persona non grata”. De acordo com a ex-chanceler Delcy Rodríguez, que atualmente preside a Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, o governo de seu país iniciará o processo contra o brasileiro e o encarregado de negócios do Canadá, Craib Kowalik. Com isso, ambos terão de deixar a Venezuela.

Pereira, porém, já se encontra no Brasil para as festas de fim de ano. Assim, quando a declaração for formalizada, o diplomata brasileiro não poderá retornar a Caracas. 

Ruy Pereira, embaixador brasileiro na Venezuela, foi declarado 'persona non grata' na Venezuela Foto: Carlso Garcia Rawlins/Reuters

PUBLICIDADE

Em reação, o Brasil pretende adotar “medidas de reciprocidade correspondentes”, segundo informa nota do Itamaraty. Como a Venezuela está sem embaixador em Brasília, a tendência é que o diplomata venezuelano mais graduado seja convidado a se retirar do País. 

+ Constituinte venezuelana anulará partidos que boicotarem eleições

Até o fim da tarde de sábado, porém, nenhuma comunicação oficial de Caracas havia chegado ao governo brasileiro. “Decidimos declarar persona non grata o embaixador do Brasil até que se reconstitua o fio constitucional nesse país irmão”, disse Rodríguez, acrescentando que a chancelaria de seu país iniciaria as formalidades necessárias.

+ PARA ENTENDER: A Venezuela em cinco crises

Pereira havia retomado as funções em Caracas em maio, por decisão do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Aloysio Nunes, que considera importante ter na Venezuela um diplomata graduado e com condições de dialogar tanto com o governo quanto com a oposição. Foi um gesto de reaproximação, pois o Brasil estava sem embaixador na Venezuela desde agosto de 2016 - em razão de uma crise diplomática causada por críticas do governo Maduro sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Publicidade

Na quinta-feira, durante reunião de cúpula do Mercosul, o presidente Michel Temer comentou a suspensão da Venezuela do bloco com base na cláusula democrática, em agosto. Foi o primeiro ato do Brasil na presidência temporária do bloco. “Era uma medida que se impunha”, afirmou o presidente. 

“Queremos que nação venezuelana, de volta à democracia, possa também voltar ao Mercosul, onde será recebida naturalmente de braços abertos”, disse Temer. No mesmo dia, o Itamaraty divulgou nota depois que a Venezuela decidiu dissolver os governos municipais da Grande Caracas e de Alto Apure. No comunicado, o governo brasileiro qualificou o ato como um exemplo do “continuado assédio” contra a oposição venezuelana.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.