Venezuela e Argentina firmam acordos energéticos com a Bolívia

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Por JULIETA TOVAR
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Argentina e Venezuela prometeram na sexta-feira novos investimentos no setor boliviano de gás e petróleo, nacionalizado no ano passado. Líderes dos três países se encontraram em Tarija, a "capital" do gás boliviano, onde o presidente argentino, Néstor Kirchner, prometeu empréstimos facilitados para uma usina que, a um custo de 540 milhões de dólares, ampliará o bombeamento de gás natural para a Argentina. Horas antes, Bolívia e Venezuela haviam formalizado uma ambiciosa parceria no setor energético, com a criação da empresa binacional YPFB-Petroandina, que deve investir 600 milhões de dólares em prospecção e exploração de combustíveis. Em Tarija, o presidente da Bolívia, Evo Morales, repetiu que as empresas estrangeiras que não investirem o que prometeram serão expulsas do país. Kirchner disse que a Argentina está disposta a colaborar. "Meu caro Evo, meu telefone está esperando sua ligação. Se esses empresários não investirem, pegue o telefone e nós, argentinos, vamos vir investir com você", afirmou. A nacionalização decretada em maio de 2006 por Morales fez com que o governo tivesse uma participação muito maior no lucro de empresas estrangeiras, como a brasileira Petrobras e a espanhola Repsol-YPF. O venezuelano Hugo Chávez, que nesta semana visitou também Argentina, Uruguai e Equador com promessas de novos investimentos energéticos, usa a riqueza petrolífera do seu país para tentar ampliar sua influência na região. A nova joint-venture com o governo Morales --60 por cento boliviana; 40 por cento venezuelana-- vai prospectar uma área amazônica ao norte de La Paz e atuar ainda em blocos já em exploração no Chaco (sudeste). Chávez também prometeu apoio financeiro para que a Bolívia comece a desenvolver sua indústria petroquímica. Já a Argentina dará um empréstimo de 20 anos, a juro de 1,5 por cento, para uma usina de separação de gás, que será a maior da América do Sul, com capacidade para processar 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia, segundo Kirchner. O presidente argentino havia prometido investir outro 1,5 bilhão de dólares num gasoduto que ficaria pronto em três anos e praticamente triplicaria a venda de gás natural da Bolívia para a Argentina, atingindo 20 milhões de metros cúbicos por dia. Críticos dizem que o controle de preços imposto pelo governo Kirchner ao gás natural extraído na própria Argentina inviabiliza investimentos no setor local, e por isso questionam seu plano para aumentar a importação de gás boliviano, que é mais caro. Morales e Chávez também anunciaram um investimento conjunto de 70 milhões de dólares numa usina termoelétrica na região de Chapare, berço político de Morales. A Bolívia entrará com 60 por cento do capital, e a Venezuela com o resto.

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