O presidente venezuelano Hugo Chávez disse nesta quinta-feira, 28, que pretende levar seu país à hegemonia da propriedade social, e pediu que o setor privado apoie sem temor essa iniciativa da revolução socialista.
"Vamos seguindo com o curso da nave, e eu peço, em vez de temores, apoio do setor produtivo nacional, rumo a hegemonia da propriedade social dos meios de produção, o que não exclui a propriedade privada", disse o mandatário, trajando uniforme militar, na televisão e rádio estatais.
Grupos empresariais costumam se queixar de que no existe segurança jurídica no país ante as nacionalizações do governo de Chávez, que afetaram desde o vital setor petrolífero até processadoras de café e frigoríficos.
Minutos depois, o presidente afirmou que sua revolução está em um "processo de transição inédito" que permitirá a convivência de vários tipos de propriedade, incluindo a familiar, social, estatal e mista, entre outras.
O mandatário propôs em 2007 uma reforma na Constituição que incluía na carta magna vários tipos de propriedade, mas ela foi rechaçada em um referendo. Críticos asseguravam que a legislação atacava a propriedade privada.
Chávez, que enfrentará eleições cruciais em oito meses nas quais terá de manter a maioria na Assembleia Nacional, se encontra refém de um cenário política que combina uma recessão econômica com descontentamento social devido a deterioração dos serviços públicos, a insegurança e a inflação.
Analistas dizem que ele tenta aumentar a polarização do país para reagrupar suas fileiras, enquanto a oposição critica medidas do governo como a recente desvalorização do bolívar e o racionamento elétrico. Além disso, Chávez voltou a alarmar o setor privado ao nacionalizar recentemente a rede franco-colombiana de supermercados Éxito, que ele acusou de fazer aumentos abusivos de preços. Chávez disse em seu pronunciamento que espera que os empresários se adaptem a essa hegemonia, e afirmou que o governo levará em conta outras variáveis, como a relação entre produtos e necessidades e a substituição de importações - a Venezuela compra no exterior 90 por cento dos bens que consome. Ele também pediu aos empresários que evitem a usura e reduzam suas margens de lucros.