Venezuelano morto após greve de fome será 'símbolo', diz família

Segundo governo, Brito seria mentalmente instável e teria rejeitado oferta de retornar a suas terras

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Por ANDREW CAWTHORNE
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O ex-agricultor venezuelano que morreu depois de uma greve de fome em protesto às políticas de nacionalização do presidente Hugo Chávez se tornou um símbolo dos oprimidos, disse sua família, nesta terça-feira, 31.

Veja também:linkLeia a carta que foi divulgada pela família Brito Em um caso politicamente sensível apenas semanas antes das eleições legislativas nacionais, Franklin Brito, de 40 anos, morreu na segunda-feira no hospital militar de Caracas, para onde foi levado contra sua vontade depois de realizar demonstrações em praça pública. O governo venezuelano não comentou imediatamente sobre a morte, mas no passado já disse que Brito era mentalmente instável e havia rejeitado a oferta de retornar a suas terras. Autoridades acusaram partidos de oposição de explorar Brito para fins políticos. A família de Brito divulgou um comunicado durante a noite, acusando o governo de não ter-lhe dado o tipo de assistência médica que ele e sua família queriam. "É por isso que, por enquanto, a família de Brito não deu opiniões sobre a causa direta de sua morte, dadas as circunstâncias desumanas e estranhas em que ele se encontrava", disse o comunicado. "O que podemos dizer é que a luta de Franklin Brito continua... Ele deixou sua forma humana e se tornou uma bandeira simbólica para aqueles oprimidos pela arrogância do poder." Antes de ser levado a um hospital militar no final do ano passado, Brito acampou durante meses em frente ao escritório da Organização dos Estados Americanos em Caracas, costurou sua boca e até cortou fora um dedo em frente às câmeras de televisão. Os 24 hectares de terreno de Brito, com plantação de mandioca e melancias no estado de Bolívar, ao sul do país, foram tomados em 2003, como parte de um processo de desapropriação do governo Chávez, que já confiscou cerca de 2,5 milhões de hectares.

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