18 de janeiro de 2010 | 12h00
Os saques e a violência no Haiti estão aumentando devido à dificuldade do acesso a alimentos e água para as vítimas do terremoto, informou nesta segunda-feira, 18, a Cruz Vermelha Internacional, que presta serviços de socorro no país caribenho, segundo a agência AFP.
Por meio de comunicado, a organização informou que "os preços da comida e dos transportes dispararam desde a terça-feira e os incidentes violentos e os saques aumentam no Haiti ao mesmo tempo que cresce o desespero" dos sobreviventes.
Muitos habitantes de Porto Príncipe enfrentam uma "situação catastrófica", prossegue o comunicado assinado pelo chefe da delegação da Cruz Vermelha no Haiti, Riccardo Conti. O documento revela ainda que "o acesso a abrigo, serviços sanitários, água, comida e cuidados médicos segue extremamente raro".
Em um relatório atualizado, o CICV ressaltou que a situação sanitária nos improvisados acampamentos de desabrigados continua se deteriorando, o que aumenta o risco de surto de doenças.
A organização está abastecendo água para 7,5 mil pessoas em três acampamentos e instalou banheiros públicos para mil pessoas. "A água não é só uma questão para saciar a sede. Lavar-se permite manter a higiene e devolver a dignidade às pessoas que perderam tudo", explicou o coordenador dessas ações, Guy Mouron.
Os preços dos alimentos e do transporte estão muito mais caros (o pão custa o dobro que há seis dias) e os incidentes violentos, como saques, aumentam o ritmo do desespero das pessoas. Houve inclusive quem alertasse a gritos sobre a chegada de um tsunami para aterrorizar os outros e poder roubar o que deixam durante a fuga.
A CICV indicou que todos os que dispõem de meios econômicos estão escapando e que a fronteira com a República Dominicana está repleta de pessoas procurando sair do Haiti.
Situação 'controlável'
Desde a terça-feira passada, quando o terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti, as dezenas de milhares de sobreviventes aguardam a ajuda humanitária enviada pela comunidade internacional. A falta de estrutura para distribuição e pouca segurança, entretanto, elevam os temores de que uma onda de violência tome conta das já caóticas ruas de Porto Príncipe.
O embaixador dos EUA no Haiti, Kenneth Merten, disse que as autoridades americanas estão preocupadas com a situação da segurança, embora considerem que seja possível administrar as operações atualmente. "A situação obviamente não é perfeita. A Polícia haitiana, devido às perdas, está debilitada e a ONU também perdeu gente. Mas as coisas estão indo razoavelmente bem. Não há uma situação perfeita aqui, mas não acho que esteja incontrolável", disse.
Merten pediu a presença de tropas americanas no Haiti para conter uma possível onda de violência e disse que o Exército brasileiro está contribuindo significativamente para a estabilidade no país. "Nossas tropas estão prontas para agir caso as forças locais ou da ONU não garantam a segurança, mas elas conseguiram controlar a situação até agora", disse Merten.
Com informações da agência Reuters
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