
31 de março de 2010 | 23h21
Associated Press
NOVA YORK- Tanto o dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo, que morreu em fevereiro, como Guillermo Fariñas, que continua em greve de fome, "são lamentavelmente peças que são manipuladas em função de objetivos políticos contra Cuba", afirmou nesta quarta-feira, 31, o chanceler cubano Bruno Rodríguez.
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Durante uma entrevista à Associated Press na sede da ONU em Nova York, Rodríguez declarou que as críticas da comunidade internacional à ilha a respeito de ambos os dissidentes fazem parte de uma "campanha contra Cuba".
"O preso falecido foi certamente uma vítima dessas políticas subversivas dos Estados Unidos e de um grupo de países europeus contra Cuba. Manipulam essas pessoas", acusou o diplomata.
Cuba tem sido o palco recente de uma polêmica internacional após a morte de Zapata, depois de 85 dias de jejum, e pela decisão de outro dissidente, Guillermo Fariñas, de adotar a mesma medida de protesto. Fariñas está internado em uma unidade intensiva de um hospital em Santa Clara, sendo alimentado via intravenosa.
O Parlamento europeu aprovou recentemente uma moção que condena a "cruel e evitável" morte do preso, referindo-se a Zapata.
"Essa pessoa, por exemplo, cumpria prisão por um crime comum previsto e sancionado na legislação de qualquer país do mundo, e rapidamente, foi montada toda uma manipulação para apresentá-lo como um suposto dissidente, um preso de consciência", opinou Rodríguez.
O chanceler estava em Nova York para participar de uma conferência de países doadores na reconstrução do Haiti após o devastador terremoto que atingiu o país.
O ministro cubano descreveu Fariñas como "uma pessoa que não tem nenhuma restrição à sua liberdade".
"É triste que essa manipulação e que os que instruem, os que financiam, os que organizam a subversão contra Cuba incorrem em uma grave responsabilidade moral quando utilizam pessoas, as colocam em posição desta natureza", considerou. "Obviamente, Cuba não pode aceitar pressões, não pode aceitar chantagens de nenhuma natureza, como qualquer Estado soberano".
Rodríguez criticou a União Europeia que, segundo ele, não tem uma posição comum sobre praticamente nada, inclusive a guerra do Iraque.
"É realmente uma farsa sua posição comum sobre Cuba, que é obsoleta", disse. "Não funciona nem para os supostos objetivos dos governos europeus. É um obstáculo para a normalização das relações entre Cuba e a União Europeia, que dissemos e vamos normalizar mesmo que haja essa posição".
A União Europeia e Cuba haviam previsto se reunirem na semana que vem em Madrid, mas na terça-feira o Ministério de Relações Exteriores espanhol informou que o encontro seria adiado, e não divulgou uma nova data.
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