O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu nesta segunda-feira, 23, à Organização dos Estados Americanos (OEA), às Nações Unidas e à União Europeia (UE), além dos presidentes dos países americanos para que não reconheçam as eleições marcadas para o dia 29 de novembro em seu país.
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"Nestes momentos tão difíceis aos irmãos países das Américas, pedimos sua solidariedade para com Honduras. Que nos acompanhem com base nos fatos pelos senhores conhecidos, revalidando a posição de não apoiar a tentativa unilateral de dar validade a um acordo rescindido em tempo e forma pelas violações consumadas pela ditadura", diz Zelaya em carta distribuída hoje à imprensa.
"Essas eleições terão que ser canceladas e remarcadas, respeitando a vontade do soberano", acrescenta o presidente deposto, que está na embaixada do Brasil em Honduras desde o dia 21 de Setembro.
A maior parte da comunidade internacional reiterou que não reconhece o processo eleitoral em andamento, nem o governo liderado por Roberto Micheletti desde 28 de junho, quando Zelaya foi Derrubado.
Zelaya exige sua restituição ao poder, o que não será possível, pelo menos antes do dia 2 de dezembro, data em que o parlamento de seu país tomará uma decisão a respeito, segundo o líder da Casa, José Alfredo Saavedra.
"Peço sua cooperação para que este golpe de estado militar e suas sangrentas violações aos direitos humanos não fiquem impunes", diz a carta assinada por Zelaya.
"Convidamos todas as nações que reconhecem nosso governo para que se abstenham de apoiar as ações do regime ilegal que usurpou o poder pela força das armas", afirmou Zelaya.
Ele também enfatizou que, "cada vez que um governo eleito pelos povos da América é derrubado, a violência e o terrorismo vence uma batalha, e a democracia sofre uma derrota".
Na carta, o presidente deposto voltou a criticar os Estados Unidos, cuja "postura final" de apoiar as eleições de 29 de novembro "debilitou o processo de reverter o golpe de Estado, mostrando um racha na comunidade internacional".
"Legitimar os golpes de Estado por meio de processos eleitorais espúrios divide e não contribui para a unidade das nações das Américas", acrescentou.
"Como presidente de Honduras, comunico-lhes que, sob estas condições, não respaldarei o processo eleitoral e tentarei impugná-lo legalmente, em nome dos homens e mulheres do meu país e de centenas de dirigentes e líderes que sofrem a perda da democracia, repressão, concorrência desleal e supressão da liberdade", concluiu.