
01 de outubro de 2009 | 13h09
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, garantiu nesta quinta-feira, 1º, estar disposto a se apresentar à Justiça de seu país e responder pelos crimes atribuídos a ele com a condição de que seja restituído ao governo.
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"A solução desta crise passa por minha restituição, pelo respeito à democracia", disse Zelaya em entrevista concedida ao jornal El Observador, do Uruguai. ""Estou disposto a ir aos tribunais. Não me permitiram (depois do golpe de Estado, em 28 de junho), porque me tiraram do país. Estou disposto a responder às acusações contra mim. Não tenho problema com isso", explica Zelaya ao jornal. "Por isso voltei, porque sou inocente", completou.
O mandatário, que regressou ao país no dia 21 e está abrigado na Embaixada do Brasil, ainda negou ter violado a Constituição hondurenha ao promover uma consulta que teria como objetivo permitir sua eventual reeleição, como alegam opositores. "Eu não violei a Constituição, jamais fiz isso. Não se tratou de um referendo, isso é uma mentira que os opositores utilizam para me desacreditar. Tratava-se de uma consulta, não vinculante, que não reformava nenhuma lei nem estabelecia a reeleição", argumentou.
No dia em que Zelaya foi destituído, haveria um processo de consulta popular sobre a realização de um outro referendo. Esta segunda votação, se aprovada, ocorreria no dia 29 de novembro, data para a qual já haviam sido marcadas as eleições presidenciais, e proporia a formação de uma Assembleia Constituinte.
Indagado sobre o papel que os EUA têm desempenhado na crise vivida por seu país, Zelaya considerou que as medidas "não foram suficientes para o restabelecimento da democracia". Apesar disso, definiu como "clara" a condenação de Washington ao golpe de Estado.
O presidente deposto também defendeu os protestos realizados em favor de sua restituição, que têm sido reprimidos pela Polícia. Desde o fim de semana, vigora em Honduras o estado de sítio, que proíbe qualquer reunião pública. "Temos o direito de nos expressarmos pacificamente ante as violações das liberdades, e agora contra o fechamento dos meios de comunicação. Estão restringindo as liberdades. Não podemos deixar que nos intimidem", disse Zelaya.
Na segunda-feira, já com base no decreto que suspendeu as garantias civis e impôs o estado de sítio, o governo de facto de Honduras fechou a Rádio Globo e o canal de TV Cholusat Sur, dois veículos que apoiam o presidente deposto.
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