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Arqueólogos dos EUA encontram restos do último navio de escravos africanos

'Clotilda' foi queimado em 1860 por ordens do capitão William Foster para esconder a evidência da importação de escravos, que havia sido proibida em 1808

Por EFE
Atualização:

Atlanta - Os restos do que é considerado o último navio que transportava escravos da África para os Estados Unidos foram encontrados no Alabama. Trata-se do Clotilda, embarcação que transportava 110 africanos em 1860 - mais de 50 anos depois da proibição da importação de escravos. O navio foi queimado por ordem do capitão William Foster para esconder a evidência do crime. 

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O Clotilda foi o último navio do qual se tem registro de ter transportado escravos da África para os EUA, país que proibiu a importação no ano de 1808.

Não há vestígios do nome Clotilda nos destroços, que foram encontrados no rio Mobile, mas a equipe de pesquisadores fez testes que confirmaram se tratar do navio que, segundo os registros históricos, navegou durante quatro meses no Atlântico até ser queimado. 

Mural com a imagem do navio Clotilda; moradores da Africatown querem retirar os destroços do rio Mobile e transformá-los em um símbolo de orgulho Foto: Emily Kask/ THE NEW YORK TIMES

Timothy Meaher, um rico fazendeiro e construtor naval do Alabama, foi quem projetou o plano e recrutou outros empresários descontentes com o aumento do preço dos escravos nos EUA, após o veto à importação desde a África.

O anúncio sobre a descoberta do Clotilda foi recebida com alegria pelos descendentes das vítimas da viagem, uma travessia que reflete "uma das épocas mais obscuras da história moderna", disse a diretora-executiva da Comissão Histórica do Alabama, Lisa Demetropoulos Jones. "Os descendentes dos sobreviventes do Clotilda sonharam com essa descoberta por gerações."

Os africanos transferidos como escravos que sobreviveram ao incêndio e ao naufrágio criaram uma comunidade em Mobile, Alabama, chamada Africatown.

Um dos últimos sobreviventes do Clotilda foi Cudjo Lewis, entrevistado em 1927 pela antropóloga Zora Neale Hurston, a quem narrou os horrores que viveu durante a terrível travessia e que depois a investigadora incluiu no seu livro "Barracoon".

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Um ano atrás, um grupo de arqueólogos pensou que tinham encontrado os restos do Clotilda, mas após vários testes os pesquisadores determinaram que não se tratava daquele navio.

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