Entenda o discurso de posse de Joe Biden em 9 pontos fundamentais

Ameaças à democracia, desigualdade econômica, racismo, crise climática e a pandemia do coronavírus estão na lista de prioridades do novo presidente dos EUA

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Por Redação
Atualização:

Ao assumir a presidência dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 20, Joe Biden destacou o momento de turbulência política e econômica que o país enfrenta. Ele usou seu primeiro discurso para listar o que prevê como seus principais desafios: “enfrentamos um ataque à nossa democracia e à verdade, um vírus furioso, crescente desigualdade, a ferida do racismo sistemático, a crise do clima, o papel dos EUA no mundo”.

Com um apelo à união, que marcou seu discurso do início ao fim, Biden indicou como deve abordar cada um dos temas que considera como prioridade.

A seguir, confira nove pontos que resumem a mensagem do novo presidente em sua posse:

Joe Biden faz seu juramento como presidente dos Estados Unidos nesta quarta, 20, em Washington, DC Foto: Tasos Katopodis/Getty Images/AFP

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Triunfo da democracia

Apenas duas semanas após a sede do Congresso americano ser invadida por extremistas, Biden reforçou a mensagem de que seu governo representa uma vitória democrática. “Hoje, nós celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa, a causa da democracia”, ele disse logo no início do discurso. 

Ele destacou que sua posse significa que “a vontade do povo foi ouvida” e atendida. 

Responsabilidade contra o negacionismo

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Biden classificou o momento na política americana como um embate entre verdades e mentiras. Ele ressaltou a importância de que líderes políticos tenham ações com base em fatos. O discurso serve como um recado a seu antecesor, Donald Trump, que desde sua derrota para Biden nas eleições colocou em dúvida o processo eleitoral e chegou a dizer que nunca reconheceria o resultado. 

Semanas e meses recentes nos ensinaram uma lição dolorosa”, disse Biden. “Há a verdade e há mentiras, mentiras contadas por poder e lucro. E todos nós temos um dever e responsabilidade, como cidadãos, americanos, e especialmente líderes, líderes que juraram honrar nossa constituição e proteger nossa nação, de defender a verdade e derrotar as mentiras.”

Terrorismo doméstico

Em contraste com o posicionamento de outros presidentes americanos nas últimas décadas, que trataram o tema do terrorismo como uma ameaça externa ao país, Biden falou do extremismo de supremacistas brancos como uma das principais ameaças domésticas ao país. Seu discurso foi focado na política interna e teve poucos recados para o restante do mundo. 

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Ele disse que os EUA vivem “uma ascensão do extremismo político, de supremacistas brancos, do terrorismo doméstico que nós precisamos confrontar e vamos derrotar”. 

Reconstrução de alianças

No único trecho do discurso em que se dirigiu a líderes mundiais, Biden prometeu reatar alianças e se comprometer com a solução de desafios globais. Ele disse que os EUA serão “um parceiro forte e confiável para a paz, progresso e segurança”. A fala é, novamente, uma referência à política externa durante o governo de Trump, que defendia cortar financiamento americano na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), onde estão os principais parceiros militares dos EUA, e deixou de participar de entidades da Organização das Nações Unidas (ONU).

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“Aqui está minha mensagem para aqueles além das nossas fronteiras: a América foi testada e nós saímos mais fortes disso”, disse Biden. “Vamos reparar nossas alianças e nos engajar com o mundo novamente, não para atender os desafios de ontem, mas os desafios de hoje e amanhã. Vamos liderar, não meramente pelo exemplo do nosso poder, mas pelo poder do nosso exemplo.” 

Minorias no governo

Biden lembrou momentos de luta por garantia de direitos no país, e destacou a posse de sua vice, Kamala Harris, como uma conquista das minorias nos EUA. 

“Aqui estamos, onde 108 anos atrás, em outra inauguração, milhares de manifestantes tentaram bloquear bravas mulheres que marchavam pelo seu direito ao voto”, disse Biden, lembrando a procissão do movimento sufragista um dia antes da posse de Woodrow Wilson, em 1913. “E hoje marcamos o juramento da primeira mulher na história americana a ser eleita para o gabinete nacional, vice-presidente Kamala Harris. Não me diga que as coisas não podem mudar.”

Incerteza econômica

Em seu apelo por união, Biden reconheceu os desafios que o país terá para superar o desemprego e retomar a atividade econômica. Ele falou em reconstruir a classe média e melhorar a qualidade do emprego. 

“Eu entendo que muitos dos meus companheiros americanos veem o futuro com medo e trepidação”, ele disse. “Nós podemos recompensar o trabalho e reconstruir a classe média, e fazer com que o atendimento de saúde seja seguro para todos.”

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Recrudescimento da pandemia

Biden alertou para o agravamento no número de infecções e mortes em meio à pandemia do coronavírus, que pode se tornar ainda mais letal. Ele indicou que, para enfrentar a situação, será necessário contornar diferenças políticas no Congresso. 

“Estamos entrando no que pode ser o mais duro e letal período do vírus”, disse. “Devemos deixar de lado a política e finalmente enfrentar essa pandemia como uma única nação.”

Emergência climática

Biden destacou a mudança no clima como um dos principais desafios de sua gestão, um tema que marcou fortemente sua campanha presidencial, mas no discurso de posse não deu indicativo de como deve abordar o tema. 

Ele disse apenas que “o grito por sobrevivência vêm do próprio planeta, um grito que não poderia ser mais desesperado nem mais claro”. 

União e consenso no bipartidarismo

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O tema da união, diante do embate dos democratas contra extremistas pró-Trump, foi o tema mais recorrente em todo o discurso do novo presidente. Ele declarou que “toda a minha alma está nisso: reunir a América numa só, unir nosso povo, unir nossa nação”. 

Nesse contexto, fez apelos para que os dois partidos no país procurem pontos em comum e colaborem um com o outro. Ele prometeu respeitar as diferenças e governar até para os grupos que fazem oposição contra ele, ressaltando que “desentendimento não deve levar a desunião”.

“Se ainda assim você discordar, que assim seja. Isso é democracia. O direito à divergência, pacificamente, os trilhos de segurança da nossa república, são talvez a maior força da nossa nação”

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