O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 16, em discurso nesta localidade do Norte da Venezuela, que não vê Barak Obama como um "presidente normal dos Estados Unidos". Na avaliação do presidente brasileiro, a eleição de um negro para a presidência dos EUA é um acontecimento "extraordinário". Lula sugeriu que Obama, que toma posse no próximo dia 20, transforme sua eleição em "um gesto de transcendência para a América Latina, respeitando a soberania e a democracia" na região. Seu discurso durou 45 minutos. Veja também: Washington monta esquema de segurança inédito para posse de Obama Lula disse que Obama precisa manter uma convivência "igualitária" com a América Latina e considerou necessário que o novo presidente adote essa política logo no início do mandato. "Temos de conversar com o presidente Obama antes que o aparato de governo comece a funcionar. A máquina é capaz de fazer de nós algo diferente do que éramos quando chegamos à Presidência." Sem mencionar especificamente a intenção de seu governo de agir como intermediário em um processo de normalização das relações dos governos da Venezuela e de Cuba com a administração norte-americana, Lula defendeu a necessidade de Chávez e Evo Morales, presidente da Bolívia, iniciarem contato com Barak Obama. Ao falar de Cuba, afirmou que este país não precisa fazer "nenhum gesto e nenhum favor" e que os EUA é que precisam acabar com o "bloqueio perverso que impediu que a revolução cubana seguisse seu processo normal." Lula insistiu na tese de que, sem o bloqueio imposto no início dos anos 60, Cuba seria um país "extraordinário e desenvolvido". Segundo o raciocínio de Lula, a administração de Obama deve manter um olhar de simpatia para com a América Latina e não mais como nos anos 1960, quando os EUA apoiavam regimes de força na região., Disse também que a América Latina apreendeu a "viver na democracia e a cuidar dos pobres" e precisa agora de um "olhar de desenvolvimento e de investimentos" de um chefe de Estado "sem preconceitos". Lula afirmou também que espera que, assim que Obama assuma a Casa Branca, Deus ponha a mão na cabeça dele e "lhe dê inteligência e sensibilidade" para resolver logo a crise financeira nos Estados Unidos. O presidente brasileiro voltou a afirmar que a crise atual não nasceu nos países em desenvolvimento e que esses não podem pagar os custos de sua superação.