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Obama mostrou que é possível mobilizar os jovens, diz escritor

William Poundstone publicou neste ano Gaming the Vote, uma análise do sistema eleitoral dos Estados Unidos

Por Carlos Orsi
Atualização:

A campanha eleitoral vitoriosa de Barack Obamamostrou que é possível mobilizar politicamente a geração "do telefone celular, sem fio, da mensagem instantânea", diz o escritor americano William Poundstone. Autor de uma biografia do astrônomo Carl Sagan e duas vezes finalista do Prêmio Pulitzer com livros de não-ficção, Poundstone recentemente publicou Gaming the Vote ("Jogando com o Voto"), uma análise do sistema eleitoral americano. "Só por ter feito isso, eles (os democratas) alertaram todas as campanhas do futuro de que esses eleitores estão aí e são acessíveis".   Veja também: Vídeo mostra as festas em Kisumu, no Quênia  Veja as imagens da festa por Obama no mundo  Assista ao discurso e leia a íntegra Estadao.com.br na terra dos Obamas Diário de bordo da viagem ao Quênia  Triunfo de Obama ajudará a superar barreiras raciais, diz Rice Cobertura completa das eleições nos EUA   "Mas é claro que também há algo de único na eleição do primeiro presidente afro-americano", ressalva Poundstone. "Não dá para contar com o mesmo tipo de entusiasmo dos negros na próxima eleição, mesmo se um dos candidatos for negro. Talvez a próxima onda de entusiasmo venha da eleição da primeira mulher" para presidente, opina, ao comentar o fato de que o comparecimento dos eleitores às urnas foi recorde nesta eleição. Nos EUA, o voto é facultativo.   O pleito que elegeu Obama o primeiro presidente negro da história americana também foi marcado por um encolhimento do Partido Republicano, do presidente George W. Bush. Além de perder votos entre os brancos e hispânicos, o partido viu a maioria democrata crescer no Congresso. E eleitores entrevistados na saída dos locais de votação declararam-se 40% democratas e apenas 31% republicanos. Na eleição de 2004, as taxas eram praticamente iguais.   "Desconfio que qualquer resposta que eu dê agora sobre o futuro do Partido Republicano soará ridícula dentro de quatro ou oito anos", diz Poundstone. "Não consigo parar de pensar em como Karl Rove ( o principal assessor político do presidente Bush) dizia que tinha criado uma 'maioria republicana permanente'".   A história, diz ele, sugere que "provavelmente os republicanos vão dar um jeito de voltar ou, o que é muito, muito menos provável, vão desaparecer como o Partido Conservador desapareceu e serão rapidamente substituídos por uma outra força capaz de desafiar os democratas".   Um dos temas principais de Gaming the Vote é o que Poundstone chama de "efeito estraga-prazeres", o candidato que, mesmo sem chances de vitória, prejudica um dos contendores principais e acaba permitindo a vitória de um nome que, na verdade, é desaprovado pela maior parte do eleitorado.   "Estou escrevendo um prefácio para a nova edição do livro, com os 'estraga-prazeres' de 2008", diz. "Parece que, na corrida presidencial, o candidato do Partido Libertário, Bob Barr, levou os Estados de Indiana e Carolina do Norte de McCain para Obama". Poundstone reconhece, no entanto, que o efeito não foi decisivo. "Obama teria vencido, mesmo sem esses Estados".

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