
22 de janeiro de 2009 | 18h15
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nomeou nesta quinta-feira, 22, o ex-senador George Mitchell como enviado para o Oriente Médio, anunciou a secretária de Estado Hillary Clinton em entrevista coletiva conjunta com o novo chefe de Estado e seu vice-presidente, Joe Biden. O ex-embaixador na ONU Richard Holbrooke também foi nomeado enviado especial para o Paquistão e Afeganistão. Durante a apresentação, realizada no Departamento de Estado, Obama ressaltou que os EUA estão "comprometidos com a segurança em Israel", mas que as fronteiras com a Faixa de Gaza têm que ser abertas. Seria "intolerável um futuro sem esperança para o povo palestino", avaliou.
Holbrooke, Obama, Hillary, Biden e Mitchell durante coletiva no Departamento de Estado. Foto: AP
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Obama disse que enviará Mitchell para a região "o quanto antes", para tentar um acordo de paz entre israelenses e palestinos. "Será a política da minha administração procurar de forma ativa e agressiva uma paz duradoura entre Israel e seus vizinhos árabes", afirmou.
Supervisionados por Hillary, os novos nomes contrastam com os neoconservadores que dominaram a diplomacia no governo Bush, segundo o jornal The Guardian. Os indicados de Obama seriam menos propensos a usar a força no cenário internacional e favoreceriam acordos multilaterais.
Sobre o recente conflito em Gaza, o novo presidente insistiu ainda que ambos os lados devem manter a trégua atual. Para o Hamas, Obama pediu que o grupo deixe de lançar foguetes, enquanto a Israel o democrata recomendou a conclusão da retirada de suas forças em Gaza.
"Os Estados Unidos e nossos parceiros apoiarão um regime anticontrabando e com credibilidade para que o Hamas não possa se rearmar", disse o chefe de Estado, expressando seu compromisso para uma solução que permita que os dois Estados, israelense e palestino, "vivam em paz."
Novos nomes
Mitchell teve um papel discreto, mas decisivo, nos anos 90, durante as negociações de paz entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte, um dos conflitos mais sangrentos do século XX, enquanto Holbrooke foi responsável pelos acordos nos Bálcãs.
O ex-senador citou sua experiência como mediador na Irlanda do Norte, onde, segundo disse, "antigos inimigos conseguiram chegar a um acordo quase 800 anos depois". "Para conseguir a paz no Oriente Médio, será necessário aplicar capital político, recursos econômicos e a atenção muito cuidadosa das mais altas esferas dos Governos", disse Mitchell.
O ex-presidente dos EUA Bill Clinton nomeou o ex-senador em 1996 como seu enviado pessoal para que intermediasse as conversas de paz na Irlanda do Norte, e ele conseguiu, junto com outros envolvidos, o acordo da Sexta-Feira Santa.
Por sua vez, Holbrooke, prometeu que fará "tudo o que puder" para atingir as metas dos EUA no Afeganistão e no Paquistão. Esses dois países "são muito diferentes em sua geografia e em sua história, mas misturados em sua composição étnica, geograficamente e no drama político atual", declarou.
Holbrooke disse ainda que no Afeganistão trabalhará estreitamente com o chefe do Comando Central do Estado-Maior americano, o general David Petraeus, e com outros altos comandantes das Forças Armadas. Sobre o Paquistão, o novo enviado especial reconheceu que a situação no país "é infinitamente complexa". Além disso, ressaltou que respeita "completamente as tradições" dessa nação, embora tenha feito referência "às perigosas turbulências" nas áreas tribais da fronteira com o Afeganistão.
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