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Ahmadinejad critica 'governo racista' de Israel na ONU

Líder iraniano, que também atacou EUA, foi interrompido por gritos de 'assassino'; delegados da UE se retiraram

Por Agências internacionais
Atualização:

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, denunciou nesta segunda-feira, 20, o "racismo" de Israel e a cumplicidade dos Estados Unidos e de alguns governos ocidentais na política israelense contra os palestinos, em discurso na conferência da ONU sobre racismo, no qual foi vaiado por alguns presentes. Ahmadinejad, que é o único chefe de Estado que assiste a esta conferência marcada desde antes de seu início, devido à polêmica e o boicote dos EUA, Israel e outros sete países, usou grande parte de seu discurso para condenar a "política repressiva" e a "brutalidade" de Israel contra os palestinos.

 

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Pouco após começar suas críticas, os representantes da União Europeia (UE) saíram da sala em protesto contra as palavras de Ahmadinejad, que também denunciou as intervenções militares no Iraque e no Afeganistão, e se perguntou se trouxeram a paz ou a prosperidade a seus povos. O líder iraniano criticou a ordem política mundial, ao afirmar que o Conselho de Segurança da ONU sempre "recebeu com o silêncio os crimes desse regime (israelense), como os recentes bombardeios contra civis em Gaza."

 

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Ele também disse que a intervenção internacional no Afeganistão não trouxe a paz nem a prosperidade a esse país, e que a invasão americana do Iraque deixou "1 milhão de mortos e feridos" e perdas milionárias para a economia desse país. O presidente iraniano continuou as constantes referências ao "sionismo mundial, que personifica o racismo", disse, e chamadas para uma reforma da ordem política internacional.

 

As vaias de alguns grupos a Ahmadinejad começaram no momento em que ele subiu à tribuna, quando foi interrompido com gritos de "assassino" por dissidentes iranianos que foram a Genebra. Ahmadinejad continuou dizendo que "perdoava" os que lhe tinham insultado, aos quais qualificou de "ignorantes". Membros de grupos judeus e ONGs favoráveis a Israel também protestavam na entrada da sala do Palácio das Nações, onde acontece a conferência.

 

A presença de Ahmadinejad em Genebra causou indignação de Israel, que nesta segunda chamou a consultas seu embaixador em Berna, em protesto contra o encontro que o presidente suíço, Hans-Rudolf Merz, manteve no dmingo à noite com o presidente iraniano. Os nove países que boicotam a conferência são Israel, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Polônia, Nova Zelândia, e Alemanha.

 

REAÇÃO

 

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"Nós, como os outros embaixadores, seguimos o conselho da presidência (checa) da União (Europeia), que dizia que quando escutássemos comentários não aceitáveis para a Europa, abandonássemos a sala. O presidente (Ahmadinejad) falou de um Estado racista, e por isso fomos embora", disse o embaixador espanhol na ONU, Javier Garrigues, segundo o jornal El País.

 

O diplomata esclareceu, porém, que o gesto não quer dizer que a UE irá abandonar a conferência, "a menos que se produza um feito realmente grave". O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também criticou o discurso de Ahmadinejad. Ban disse que o presidente iraniano usou o pronunciamento para "acusar, dividir e até incitar", opondo-se diretamente ao objetivo do encontro. O Brasil participa da reunião, que terminará na quinta-feira.

 

(Texto atualizado às 12h55)

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