
13 de março de 2009 | 06h22
A polícia isolou uma escola no sudoeste da Alemanha nesta sexta-feira, 13, depois de tomar conhecimento do anúncio, em uma sala de bate-papo da Internet, de que um ataque armado estava planejado para o local, apenas dois dias após o tiroteio em uma escola na região. Professores e alunos foram impedidos de entrar nesta manhã na escola em Ilsfed, perto da cidade de Heilbronn, disse uma porta-voz da polícia. Nada suspeito foi encontrado, e a polícia depois liberou a escola.
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Autoridades têm estado de alerta desde que um garoto de 17 anos matou a tiros 15 pessoas, muitas delas em sua ex-escola na cidade de Winnenden, sudoeste da Alemanha, na última quarta-feira. Autoridades afirmam que ainda não sabem o que motivou o adolescente Tim Kretschmer, que matou 12 pessoas na escola em que estudou e outras três durante a fuga e depois cometeu o suicídio. A polícia alemã informou ainda que o suposto aviso publicado na internet pelo jovem pode ser falso. "Uma investigação em seu computador apontou que a postagem no chat não foi feita do equipamento", afirmou o porta-voz da polícia Dieter Schneider. A autenticidade do diálogo também foi desmentida pela empresa que mantém o website nos EUA e é investigada com a ajuda da Interpol.
Informações divulgadas anteriormente afirmavam que, seis horas antes do incidente, Kretschmer havia alertado sobre o massacre em uma sala de bate-papo na internet. De acordo com as informações preliminares, Kretschmer teria dito: "Chega! Estou cansado desta vida inútil. É sempre a mesma coisa. Todos riem de mim. Estou falando sério. Tenho armas e vou à minha antiga escola. Preste atenção no que digo - amanhã você vai ouvir falar de mim. Lembre-se do nome do lugar: Winnenden". Bernd não teria acreditado nas afirmações, respondendo "LOL", acrônimo para a expressão "laugh out loud" - que, em tradução livre, significa "gargalhada".
Segundo a BBC, o site alemão onde a mensagem supostamente teria sido publicada foi temporariamente retirado do ar e, em seu lugar, foi colocada uma mensagem - aparentemente de autoria de seus donos - com a frase: "Nenhum massacre foi anunciado aqui". "Não sabemos exatamente o que as autoridades alegam ter encontrado no computador do atirador. Talvez ele tenha visitado o site, mas ele definitivamente não escreveu o aviso que foi divulgado pela imprensa, por que isso nunca existiu", diz a mensagem publicada no site.
Investigadores afirmaram que encontraram imagens pornográficas no computador de Kretschmer e videogames violentos. O jovem havia iniciado um tratamento psiquiátrico contra depressão em 2008, mas abandonou as sessões apenas três meses depois. A angústia e o abatimento que revelava então, segundo informaram familiares à polícia do Estado de Baden-Wurttemberg, tinham relações com o fim de um namoro. A clínica na qual Kretschmer havia iniciado o tratamento é a mesma na qual um funcionário foi assassinado quarta-feira. O consultório se situa a algumas centenas de metros da Albertville Realschule e foi o local para onde o jovem fugiu após deixar a escola.
A responsabilidade da família de Kretschmer também é um dos focos da investigação. Segundo Hans-Dieter Wagner, diretor de Polícia de Esslingen, há dúvidas sobre as circunstâncias que levaram o jovem a ter acesso à arma com a qual praticou os crimes. O pai do jovem, um empresário de Winnenden, era membro de um clube de tiro da cidade e possuía 18 armas, todas legalizadas, uma das quais a usada na quarta-feira.
(Com Andrei Netto, de O Estado de S. Paulo)
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