Antes da sentença, austríaco 'lamenta do fundo do coração'

Promotoria pede prisão perpétua para pai que prendeu e estuprou Elisabeth no porão por 24 anos

PUBLICIDADE

Por Agências internacionais
Atualização:

O austríaco Josef Fritzl disse nesta quinta-feira, 19, lamentar "do fundo do coração" ter trancado e estuprado a filha em um porão de sua casa durante 24 anos. No último dia do julgamento, a Promotoria pediu pela aplicação da prisão perpétua contra o réu de 73 anos. O júri do caso está reunido para deliberar sobre o veredicto, que deve sair ainda nesta quinta.

 

Veja também:

linkPromotoria pede prisão perpétua para austríaco

linkConfissão pode servir de atenuante para Fritzl

linkFritzl se declara culpado de acusações

linkVeja linha do tempo do caso de incesto

linkFritzl admite culpa por estupro e incesto, mas nega assassinato

Publicidade

mais imagens Imagens do local em que Fritzl prendeu a filha

 

Fritzl, que teve sete filhos com sua filha Elisabeth, declarou-se culpado dos crimes de incesto, estupro, cárcere privado e homicídio, por negligência, de um bebê nascido no cativeiro em 1996. "Não posso fazer mais nada a respeito (...). Lamento isso do fundo do meu coração o que fiz a minha família. Infelizmente, não posso desfazer o que fiz. Posso apenas tentar limitar o dano da melhor forma que puder", disse em suas declarações finais no julgamento. O advogado de Elisabeth disse que as declarações não pareceram sérias, sugerindo que Fritzl estava apenas buscando uma pena mais branda.

 

O juiz e os oito jurados se retiraram para deliberar o veredicto e a sentença, a serem divulgados provavelmente na tarde de quinta-feira (horário local). Pela lei austríaca, a confissão não basta para condenar alguém. Fritzl inicialmente se declarou inocente, mas na quarta-feira voltou atrás, depois de se emocionar ao assistir 11 horas de um depoimento em vídeo de Elisabeth, hoje com 43 anos. O advogado dele, Rudolf Mayer, confirmou relatos de que Elisabeth esteve na terça-feira incógnita no tribunal, e afirmou que seu cliente ficou "devastado" ao vê-la nas galerias durante a exibição do depoimento.

 

PUBLICIDADE

Fritzl admitiu ter encarcerado a filha em um cômodo construído para esse fim no subsolo da casa da família. Disse também que errou ao não procurar auxílio médico quando um dos seus filhos-netos, recém-nascido, desenvolveu um grave problema respiratório que levou à sua morte. Se for condenado por homicídio, a pena varia de dez anos à prisão perpétua.

 

Em sua exposição final, a promotora pediu a pena máxima prevista. Ela pediu ao júri que leve em consideração os 24 anos durante os quais Elisabeth Fritzl foi mantida em cárcere privado ao decidir quanto tempo o pai dela deveria passar na cadeia. Christiane Burkheiser disse que Fritzl reduziu a filha a "uma condição de total dependência e a tratava como sua propriedade".

 

O advogado de defesa de Fritzl não defendeu a inocência de seu cliente - ele chegou inclusive a mencionar durante o julgamento que o réu violentou sexualmente a filha cerca de 3 mil vezes. Mayer alegou, no entanto, que Fritzl foi perseguido por sentimentos de culpa ao longo dos últimos 24 anos e pediu ao júri que seja atencioso quanto à acusação de homicídio por negligência. "Na minha opinião, não foi o que aconteceu."

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.