Ataques suicidas deixam ao menos 38 mortos no metrô de Moscou

Nenhum grupo reivindicou ataques; duas mulheres-bomba foram responsávels pelas explosões

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Um dos ataques ocorreu perto do Serviço Federal de Segurança. Foto: Reuters/Mikhail Voskresensky

 

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MOSCOU - Duas mulheres-bomba mataram pelo menos 38 pessoas e feriram 65 em dois trens do metrô de Moscou nesta segunda-feira, 29, informaram as autoridades russas. Os ataques ocorreram em estações distintas e até o momento não foram reivindicados por nenhum grupo, mas suspeita-se de que as terroristas eram do Cáucaso, onde há insurgência islâmica.  

 

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A primeira das explosões ocorreu na estação central da cidade de Lubyanka, às 7h56, hora local (0h56 de Brasília), matando 25 pessoas. A segunda, ocorreu 40 minutos depois, na estação Park Kultury, matando mais 12 pessoas. O número de mortos pode aumentar devido ao estado grave de alguns dos feridos. 

Nenhum grupo reivindicou a autoria dos piores ataques na capital russa em seis anos imediatamente, mas o chefe do Serviço Federal de Segurança, Alexander Bortinikov, disse que as agressoras são provavelmente do norte do Cáucaso, onde Moscou enfrenta uma insurgência islâmica que se espalha da Chechênia para os vizinhos Daguestão e Inguchétia. 

 

"Segundo dados preliminares, os atentados foram cometidos por grupos terroristas que têm relação com o Cáucaso Norte. Esta é a principal versão", disse Bortnikov ao informar o presidente russo, Dmitri Medvedev, segundo as agências russas. Bortnikov afirmou que, "no local das explosões, foram encontrados partes dos corpos de duas mulheres suicidas (...) que, acredita-se, procedem do Cáucaso Norte". O FSB (antigo KGB), cuja sede fica na praça que abriga a estação onde houve uma das explosões, abriu uma investigação para determinar quem cometeu e organizou os ataques.

 

Cúmplices

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Os agentes de segurança informaram que procuram outras duas mulheres de origem eslava, que acompanhavam as terroristas suicidas até a entrada do metrô e que foram filmadas pelas câmeras de segurança. Além disso, também se procura um homem, de 1,80 metro de altura e cerca de 30 anos de idade, que também poderia estar relacionado ao atentado.

 

Na internet também surgiram informações sobre duas ou três mulheres muçulmanas suspeitas vistas na estação Lubyanka pouco antes do atentado, uma das quais inclusive teria se ajoelhado na estação para rezar, ressalta o jornal digital Lifenews.

 

Por outro lado, algumas versões indicam que a Polícia de Moscou poderia ter tido conhecimento prévio sobre os atentados. Um internauta contou ter ouvido como um policial dizia a uma funcionária do metrô que "houve explosões em duas estações" e que eram prometidas "outras três". Várias testemunhas contaram que, no sábado passado, houve batidas policiais e controles de documentação na mesma linha de metrô, perto da estação Lubyanka.

 

 

Pânico

 

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"Ouvi um estrondo, me virei e vi fumaça em todo lugar. As pessoas começaram a correr para as saídas gritando", disse Alexander Vakulov, de 24 anos. Ele disse que estava na plataforma oposta ao trem que foi alvo da explosão na estação de Park Kultury. "Eu vi uma pessoa morta pela primeira vez na minha vida", disse Valentin Popov, que havia acabado de chegar à plataforma onde ocorreu o atentado.

 

Fora de ambas as estações, havia grande movimentação dos usuários que evacuaram as plataformas. Muitos choravam e estavam em pânico, fazendo ligações em seus celulares com bastante nervosismo. Os feridos foram levados para ambulâncias e helicópteros, alguns já com curativos. Testemunhas contaram sobre o pânico nas duas estações subterrâneas, com as pessoas caindo umas sobre as outras em meio à densa fumaça e poeira quando tentavam escapar.

 

Canais de televisão russos mostraram um vídeo amador que registrou algumas imagens do metrô após as explosões da estação de Lubyanka com corpos de vítimas e feridos sentados e deitados no chão. Os vídeos também mostravam a plataforma cheia de fumaça.

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Líderes do Cáucaso

 

Apesar de as principais suspeitas pelo atentado recaírem sobre os rebeldes islâmicos do Norte do Cáucaso, os líderes da região mostraram-se solidários com o governo russo. Ramzan Kadyrov, da Chechênia, ressaltou que "para salvar as vidas de civis, os criminosos devem ser isolados da sociedade e, se opõem resistência, é preciso eliminá-los sem piedade".

 

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Kadyrov assinalou que o fenômeno do terrorismo "não escolhe suas vítimas por motivos nacionais, religiosos ou raciais" e lembrou que a Chechênia sofreu com esta praga durante muitos anos. "Milhares de pessoas morreram na Chechênia nas mãos dos terroristas. Destacamos mais de uma vez que esse mal só pode ser freado com o esforço comum", disse.

 

Por sua vez, o líder inguche, Yunus-bek Yevkúrov, expressou suas condolências aos familiares dos mortos e ofereceu toda a ajuda necessária. "Os habitantes de nossa região, infelizmente, tiveram que sofrer em mais de uma ocasião as consequências de ataques terroristas", declarou Yevkúrov, acrescentando que "neste momento tão duro, o povo inguche os acompanha na dor".

 

O líder ordenou às forças de segurança inguches que aumentem a segurança no transporte público e em lugares movimentados, especialmente mercados, escolas e hospitais. Em junho do ano passado o próprio Yevkúrov foi vítima de um atentado à bomba perpetrado por uma terrorista suicida, no qual ficou muito ferido.

 

 

(Atualizado às 16h15)

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