Berlusconi compara centro para migrantes a campo de concentração

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Os centros de detenção de imigrantes na Itália parecem "campos de concentração", disse na terça-feira o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, acrescentando que seria mais humano devolver os migrantes de barco para a Líbia do que permitir que entrem na Itália. O governo de Berlusconi recebe duras críticas da ONU e de entidades de direitos humanos por sua nova política de devolver para a Líbia migrantes interceptados no mar. "Acho muito mais fácil (...) examinar situações individuais no país de origem, do contrário eles vêm aqui e vão para um campo que, eu não deveria estar dizendo isso, é muito similar a um campo de concentração", disse Berlusconi a jornalistas. O Acnur (agência da ONU para refugiados) diz que a deportação dos barcos de migrantes, que começou neste mês, num momento de aproximação política entre a Itália e sua ex-colônia Líbia, viola as convenções internacionais sobre os direitos de pessoas que buscam asilo. Desde que voltou ao poder, em 2008, Berlusconi tem reprimido a imigração ilegal. Uma de suas decisões mais polêmicas foi a de criminalizar a imigração ilegal. O governo pretende aumentar de 10 para 20 o número de campos de detenção para imigrantes, agora rebatizados de "Centros de Identificação e Expulsão". Na semana passada, a Câmara aprovou um projeto que amplia de dois para seis meses o prazo que os imigrantes podem passar nesses locais. Grupos humanitários há anos criticam a superlotação, as condições anti-higiênicas e em alguns casos os abusos policiais nos centros de detenção, particularmente na ilha de Lampedusa (sul), aonde a maioria dos migrantes vindo da África chega. O partido direitista Liga Norte, que participa da coalizão de Berlusconi, certa vez comparou o centro de detenção de Lampedusa a um "hotel cinco estrelas". Berlusconi fez sua declaração numa entrevista coletiva ao lado do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que disse que a prioridade deveria ser evitar desastres humanitários no mar e reforçar as patrulhas para impedir que os migrantes deixem a África. Apesar disso, ele defendeu o respeito aos direitos dos candidatos a asilo. O Acnur diz que entre as centenas de pessoas deportadas nas últimas semanas havia candidatos a asilo, que deveriam ser repatriados para a Itália. Quase 70 por cento dos 31,2 mil pedidos de asilo no ano passado na Itália partiram de imigrantes que chegaram na costa sul do país, e cerca de metade deles foram aceitos, segundo o Acnur. (Reportagem de Giuseppe Fonte)

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