O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e seus advogados voltaram a chamar os juízes do Tribunal Constitucional de comunistas após a condenação do advogado britânico David Mills. Os juízes consideraram que o advogado queria favorecer o premiê em dois processos com falsos testemunhos.
"Foi uma sentença política", acusou Gaetano Pecorella, deputado e um dos advogados de Berlusconi, em entrevista publicada nesta quarta-feira, 28, pelo jornal La Stampa. Segundo o defensor do primeiro-ministro da Itália, "a justiça milanesa iniciou um mecanismo diabólico. Conseguiu condenar Berlusconi duas vezes sem que ele tenha tido a possibilidade de se defender, participar ou apresentar suas testemunhas". Para Pecorella, os juízes "administraram este processo como um mecanismo de condenação política" contra Berlusconi.
Após a sentença de Mills, Berlusconi participou por telefone de um programa de debate da televisão pública RAI3 na terça à noite e voltou a atacar os juízes. "A verdadeira anomalia na Itália não é Berlusconi, mas os promotores e juízes comunistas. Desde que entrei na política e assumi o poder, os comunistas abriram 103 processos contra mim", denunciou o primeiro-ministro. Berlusconi disse ainda que "a verdadeira oposição na Itália são os magistrados".
Os advogados do primeiro-ministro criticaram a decisão dos juízes de separar a parte do processo do caso Mills na qual constava uma acusação para Berlusconi, e posteriormente suspendê-lo enquanto aguardavam uma decisão do Tribunal Constitucional sobre a Lei Alfano.
Depois da invalidação pelo Tribunal Constitucional em 7 de outubro da lei que imunizava os quatro mais altos cargos do país, o processo contra Berlusconi por corrupção será recomeçado.
O julgamento de Berlusconi terá início com o cenário da condenação a 4 anos e 6 meses de prisão a Mills por ter recebido da Fininvest, o grupo empresarial de Silvio Berlusconi, US$ 600 mil para mentir em dois processos contra o primeiro-ministro, nos quais este foi absolvido.