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Blair admite ter apoiado invasão dos EUA ao Iraque em 2003

Ex-premiê britânico disse que não queria 'mudança de regime', mas que se tratava de uma questão de segurança

Por Agência Estado
Atualização:

O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair afirmou nesta sexta-feira, 29, que apoiou a invasão liderada pelos EUA no Iraque em 2003, pois Saddam Hussein ignorou resoluções das Nações Unidas, mas não porque queria uma "mudança de regime".

 

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No início de suas declarações a uma comissão pública que investiga a atuação da Grã-Bretanha na guerra, Blair insistiu que os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA mudaram dramaticamente sua visão da ameaça representada pelo líder iraquiano.

 

O ex-líder foi questionado sobre uma recente entrevista, na qual ele afirmou que teria invadido o Iraque mesmo sabendo que não seriam encontradas armas de destruição em massa. "Eu não usei as palavras 'mudança de regime' naquela entrevista", afirmou. Segundo ele, a intenção era afirmar que "você não pode descrever a natureza da ameaça da mesma forma que se soubéssemos então o que sabemos agora".

 

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Blair disse que o Iraque já estava na ocasião "há dez anos desafiando" as resoluções da ONU sobre armas de destruição em massa e era preciso reverter esse quadro.

 

O ex-primeiro-ministro afirmou que os atentados nos EUA mostraram que o Ocidente não poderia continuar assumindo o risco de Saddam reativar seu programa de armas. "O ponto crucial após o 11 de Setembro é que mudou o cálculo do risco", defendeu. Segundo ele, isso não se tratava de uma posição apenas dos americanos, mas também a sua própria e do Reino Unido.

 

Blair também insistiu que tomou a decisão correta ao autorizar a invasão ao Iraque apesar das supostas armas de destruição em massa nunca terem sido encontradas. "A decisão que eu tomei, e francamente tomaria outra vez, foi que, se havia alguma possibilidade de que ele pudesse desenvolver armas de destruição em massa, devíamos detê-lo. Esse foi meu ponto de vista então, e é meu ponto de vista agora", disse.

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Protestos

 

O depoimento de Blair no centro de conferências no centro de Londres era acompanhado por uma plateia que incluía parentes dos 179 soldados britânicos mortos na guerra no Iraque. Reg Keys, que perdeu seu filho Thomas no Iraque em 2003, disse esperar ouvir de Blair a razão de o ex-primeiro-ministro aprovar um dossiê, usado para justificar a invasão, afirmando que Saddam poderia utilizar armas de destruição em massa em 45 minutos. "Este é um dia pelo qual esperamos muito tempo e quero ouvir o que ele tem a dizer."

 

Blair, que deixou o poder em 2007, deve ser questionado sobre a razão de ter dito ao então presidente dos EUA, George W. Bush, que a Grã-Bretanha apoiaria o aliado na ação militar, independentemente dos resultados diplomáticos. Centenas de manifestantes estavam na entrada do centro de conferências, com cartazes como "Bliar" (jogo de palavras entre o nome do ex-líder e a palavra mentiroso em inglês) e "Tony Blair é um criminoso de guerra".

 

A multidão chamou Blair de "covarde", após ele entrar no prédio por uma porta lateral. "Ele não tem a integridade para vir e encarar as pessoas. Entrar pela porta dos fundos é típico de suas mentiras, fraudes e evasivas", acusou Lindsey German, membro da entidade Stop The War Coalition. As informações são da Dow Jones.

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