Brasileira é acusada de matar filha de dois anos na Itália

Procurador diz que houve contradição no depoimento de Simone Moreira, de 23 anos.

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Por Assimina Vlahou
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A brasileira Simone Moreira, de 23 anos, foi presa no sábado na cidade de Oderzo, perto de Treviso, no norte da Itália, acusada de ter matado a filha, Giuliana, de dois anos de idade. Giuliana morreu na quinta-feira, supostamente após ter caído em um rio, no que parecia inicialmente ter sido uma tragédia causada pela distração da mãe, conforme declarou o procurador da república de Treviso Antonio Fojadelli aos jornais italianos. Mas, depois, de acordo com o procurador, teria ficado evidente que houve crime. "Decidimos prender Simone Moreira porque houve contradição em seu depoimento com relação ao tempo e à dinâmica do ocorrido", declarou o Fojadelli ao jornal Corriere della Sera. De acordo com a primeira reconstrução dos fatos, baseada nas declarações de Simone à polícia, ela teria se distraído e a menina teria passado pelas grades que costeiam o rio, caindo na água. Guarda compartilhada Simone tinha ido buscar Giuliana na casa do ex-marido, Michele Favaro, pai da menina. O tribunal de Veneza havia estabelecido a guarda compartilhada de Giuliana, que morava com o pai, gerente do restaurante "O sabor do Brasil" na cidadezinha de Vigonovo di Salgareda, em Treviso. Conforme o relato da brasileira, no caminho, ela decidiu parar para tomar um sorvete com a filha. Ao ir apanhar os sapatos da menina no carro, teria se distraído um instante e quando voltou não encontrou mais a menina. Os bombeiros encontraram Giuliana no rio, ainda viva. Levada ao hospital, a menina morreu depois de 24 horas devido à hipotermia que teria sido provocada pela permanência na água por cerca de uma hora. Contradições Fojadelli afirmou que dificilmente Giuliana teria caído no rio sozinha devido às barreiras que costeiam o rio. "A menina não poderia ter passado pelo espaço de 13 centímetros que separa uma grade da outra. É impossível também que ela tenha pulado um declive e se tivesse passado por ali teríamos encontrado machucados em seu corpo que, no entanto, estava íntegro", declarou o procurador Fojadelli aos jornais italianos. Segundo a advogada de Simone, os elementos da procuradoria não são suficientes para mantê-la na prisão. "A senhora Moreira forneceu uma versão coerente dos fatos e não me parece que os elementos em poder da procuradoria sejam suficientes para sustentar uma acusação tão grave", disse a advogada Alvise Tommaseo Ponzetta ao Corriere della Sera. Segundo o procurador Fojadelli, contudo, Simone teria uma personalidade "perturbada", sofreria de depressão e no passado teria tentado o suicídio. O enterro de Giuliana será na semana que vem, após a autópsia. O prefeito da cidade de Salgareda, onde ela morava com o pai, decretou luto. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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