15 de maio de 2009 | 10h07
O escândalo dos políticos britânicos que utilizaram fundos públicos para pagar contas pessoais fez nesta sexta-feira, 15, sua primeira vítima do governo com a demissão do subsecretário de Estado de Justiça, Shahid Malik, o primeiro muçulmano a integrar um governo britânico. Malik anunciou sua renúncia por conta da investigação sobre as despesas de parlamentares desde 2004.
Entre as denúncias estão as de que políticos usaram o auxílio-moradia para reformar a própria casa e pagar prestações de imóveis. A divulgação dos gastos enfureceu a população e ameaça afetar os resultados das eleições locais previstas para o próximo mês. O premiê britânico, Gordon Brown, pediu para que Malik deixasse o cargo e para que seu conselheiro independente sobre interesses ministeriais, Philip Mawer, conduza o inquérito de que o subsecretário teria recebido verba para custear aluguel de sua segunda moradia em Londres.
O jornal britânico Daily Telegraph, responsável pela denúncia, afirma que Malik pediu reembolso de cerca de 75 mil euros por três anos do aluguel de sua segunda moradia em Londres - o valor máximo aceitável - enquanto pagava de seu próprio bolso 112 euros por semana para viver num local fora da capital, aluguel inferior ao preço de marcado. O subsecretário ainda gastou 817 euros com uma poltrona de massagem.
Em declarações à BBC, Malik disse que não existe nenhuma razão para se desculpar e assegurou que seus gastos que incluiu como despesas de sua função. "Gastei o que gastaria qualquer outro membro do Parlamento", afirmou. O governo afirmou que o subsecretário voltará ao posto se a investigação mostrar que nada ilegal foi feito. "Até que se conheça o resultado da investigação, Shahid Malik renunciará como subsecretário de Estado, Não será substituído", afirmou o porta-voz do premiê.
O escândalo dos políticos britânicos que utilizaram fundos públicos para pagar contas pessoais fez na quinta-feira suas duas primeiras vítimas depois que o Partido Trabalhista anunciou a suspensão de um de seus legisladores e um assessor da oposição deixou seu cargo. O premiê britânico e seu rival conservador, David Cameron, estão sob grande pressão para limpar a imagem do Parlamento após as revelações feitas pelo jornal The Daily Telegraph, que publicou detalhes sobre as despesas de parlamentares desde 2004.
O conservador Andrew Mackay, que atuava como um dos principais conselheiros de Cameron, pediu demissão após reconhecer que ele e sua mulher, a também deputada conservadora Julie Kirkbride, cometeram irregularidades no pedido de US$ 258 mil para uma segunda casa à que têm direito os parlamentares cuja circunscrição eleitoral fica fora de Londres.
Brown também anunciou que o Partido Trabalhista suspendeu Elliot Morley, ex-ministro da Agricultura e presidente da Comissão de Energia e Clima do Parlamento. "Os mais altos padrões têm de ser mantidos na vida pública", afirmou o premiê. Morley usou pouco mais de US$ 24 mil de verba pública para pagar, segundo ele, uma hipoteca. Mas a dívida já havia sido quitada. Ele continuará no Parlamento, mas deve perder alguns dos privilégios. O ex-ministro disse que reembolsou os cofres públicos pelo dinheiro que usou e pediu desculpas pelo erro.
Mackay e Morley foram os primeiros a ser punidos. Mais de 20 parlamentares e ministros prometeram reembolsar o Estado pelo dinheiro que usaram para pagar despesas "desnecessárias".
MORDOMIAS
Reino Unido: Salário anual dos parlamentares é de US$ 92.795. O auxílio adicional, por ano, é de US$ 200 mil
Brasil: Deputados federais recebem, por ano, cerca de US$ 95 mil. Para gastos adicionais, a verba é de US$ 480 mil, além do dinheiro extra para passagens
França: O salário básico, por ano, dos integrantes da Assembleia Nacional é de US$ 114 mil. Os benefícios são de US$ 95 mil
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