Caso Jean Charles aumenta pressão por saída de chefe de polícia

PUBLICIDADE

Por ANDREW HOUGH
Atualização:

Críticos pediram nesta sexta-feira que o chefe de polícia de Londres, Ian Blair, seja substituído, após um júri ter condenado sua força de colocar a população em risco ao balear o brasileiro Jean Charles de Menezes, em 2005. Ele foi erroneamente confundido com um homem-bomba dentro de uma estação do metrô londrino. Depois do veredicto de quinta-feira, Blair disse que ficará no cargo, porque a corte não havia encontrado "falhas sistemáticas" na força policial. A polícia deu sete tiros na cabeça de Jean Charles, 27, depois de ele entrar na estação no sul de Londres em 22 de julho de 2005. Policiais haviam visto o brasileiro deixando seu apartamento e o confundiram com um dos quatro homens que tentaram atacar o sistema de transportes da cidade na véspera. Ele foi seguido até a estação de metrô. O porta-voz do Partido Conservador, de oposição, escreveu à secretária do Interior, Jacqui Smith, pressionando pela saída de Blair. "Precisamos agora da liderança certa, em todos os níveis, a fim de reconquistar a confiança pública", disse David Davis. Smith e o primeiro-ministro Gordon Brown têm apoiado Blair. Uma parlamentar do Partido Trabalhista, Kate Hoey, juntou-se ao coro pedindo a renúncia de Blair, mas o prefeito de Londres, Ken Livingstone, defendeu o chefe de polícia e afirmou que seria desastroso se o veredicto fizesse com que os policiais duvidassem de suas ações quando estivessem perseguindo um homem-bomba. Segundo ele, "em algumas circunstâncias, com tanto acontecendo, haverá erros". Três membros da Autoridade da Polícia Metropolitana -- órgão que supervisiona a força policial londrina -- pediram uma reunião extraordinária do grupo, que poderia levar a um voto de desconfiança da liderança de Blair. Além disso, a Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (espécie de ouvidoria) deve divulgar nos próximos dias um aguardado relatório sobre o caso, o que poderá aumentar a pressão pela saída de Blair.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.