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Catalunha dá adeus às touradas

Espetáculo foi proibido na região em julho de 2010 e neste domingo 18 mil pessoas foram à praça Monumental para ver a última apresentação

Por Jornal da Tarde
Atualização:

Os fanáticos pelas touradas gritarão “olé” pela última vez, neste domingo, 25, nas arquibancadas da praça de touros Monumental, de Barcelona, antes que a proibição ao esporte entre em vigor na região da Catalunha, no nordeste da Espanha.

 

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A lei regional proibiu no ano passado a tradição secular – que coloca um “matador” armado com uma espada, em trajes brilhantes, e capa vermelha contra um touro enfurecido –, depois que os catalães assinaram uma petição.

O setor das touradas ainda está convencido de que tem uma chance de derrubar a proibição e trazer na próxima temporada os “toros” de volta para a Catalunha, a única região da Espanha que proibiu o esporte – ou a arte, como seus fãs a enxergam.

“Acho que os políticos vão pensar duas vezes sobre a proibição e a tourada vai continuar. E graças a Deus, porque a Catalunha tem muitos fãs de touradas e em um país democrático eles deveriam poder ir a uma tourada”, afirmou Moisés Fraile, de 64 anos, proprietário do El Pilar, que fornecerá os touros para o espetáculo.

Dezoito mil pessoas lotaram o Monumental, a única praça de touros ainda em atividade na Catalunha. Os ingressos estão esgotados para a corrida, da qual tomará parte o matador madrilenho José Tomás, que se aposentou em 2002, mas realiza raras aparições desde 2007.

“Há vários catalisadores que poderiam fazer com que a proibição fosse derrubada”, disse Paco March, crítico de touradas do La Vanguardia, o principal jornal da Catalunha.

March diz que o conservador Partido Popular – uma das principais forças políticas da Espanha – está lutando contra a proibição, tomando como referência a Constituição. A Federação das Touradas da Catalunha está coletando assinaturas para entrar com uma petição no Congresso espanhol.

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Os problemas econômicos da Espanha também poderiam ser um fator decisivo, já que os governos regionais como o da Catalunha estão sob enorme pressão para reduzir gastos e ajudar o país a cortar seu déficit público, enquanto tentam se esquivar da crise.

Tais medidas de austeridade poderiam dificultar para o governo catalão pagar ao proprietário do Monumental, Pedro Balañá, vários milhões de euros pelo prédio.

Mesmo que o lobby pró touradas consiga reabrir o Monumental, a cada ano menos espanhóis vão às praças de touros.

O número de touradas encolheu 34% entre 2007 e 2010, segundo dados oficiais. A praça Las Arenas, de Barcelona, fechou nos anos 1970 virou shopping.

“Não gosto e não conheço ninguém com a minha idade que vá a uma tourada. Não é uma tradição catalã, mas da Andaluzia ou de Extremadura. O fato de que o touro seja tratado tão mal mesmo antes da luta deveria acabar com qualquer tradição”, disse Laia Gómez, de 31 anos, funcionária do serviço público, em Barcelona.

 

Texto atualizado às 14h32

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