Cientista deixa prisão na Rússia após quase dez anos

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O cientista russo solto neste sábado após quase uma década na cadeia por vender informações confidenciais à China acusou a "corte" de Vladimir Putin de transformá-lo em um czar e denunciou o uso Justiça para calar opositores. Valentin Danilov, 66, estava pálido e magro quando deixou, sob liberdade condicional, uma prisão na cidade industrial siberiana de Krasnoyarsk, depois de cumprir oito anos de uma sentença de 14. "Eu realmente gostaria de que alguém finalmente me dissesse que segredo de Estado eu vendi", afirmou Danilov a repórteres após ter saído da prisão e viajado de carro pelas frias ruas de Krasnoyarsk até o apartamento da filha dele. Ele não criticou Putin diretamente, mas atacou o sistema político e judicial russo quase 13 anos após o ex-espião da KGB ter assumido o poder e mais de duas décadas após o colapso da União Soviética. "Quanto a Putin, acho que todos seriam exatamente iguais a ele em seu lugar. A corte faz o czar. Em muitos casos, são as pessoas ao redor dele que são culpadas, em vez dele próprio", declarou. Ativistas dos direitos humanos veem o caso de Danilov como um exemplo de como o Kremlin usa o judiciário contra oponentes, embora Putin, que foi presidente de 2000 a 2008 e começou um novo mandato em maio, tenha negado influenciar os tribunais. Danilov foi preso pela primeira vez em 2001. Ele admitiu ter vendido informações sobre tecnologia de satélites a uma empresa chinesa, mas afirmou que já estavam disponíveis por meio de fontes públicas. A prisão de Krasnoyarsk era parte do sistema de Gulag, para onde o ditador soviético Josef Stalin mandava muitos de seus opositores políticos. Danilov sorriu, brincou e riu com os repórteres enquanto recebia ligações, embora tenha parecido nervoso em alguns momentos. Explicando como foi acusado de espionagem, ele afirmou que era chefe de um programa de troca de informações científicas com a China quando Pequim fez o primeiro pagamento. As acusações eram, segundo Danilov, "fantasiosas", mas ele não estava arrependido. (Por Philip Pullella)

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