Crise na Ucrânia afeta início de conversas da UE com Cuba

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Por BY DANIEL TROTTA
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A União Europeia informou Cuba que discorda de seu apoio à Rússia na crise ucraniana, uma desavença que coloca dúvidas sobre as conversas para melhorar as relações entre a ilha comunista e o bloco de países europeus. "É uma questão que preocupa muito a UE", disse o negociador-chefe do bloco nas conversas, Christian Leffler, a repórteres em Havana. Negociadores dos 28 países-membros europeus e de Cuba se reuniram na terça e na quarta-feira para uma primeira rodada de tratativas. Só o lado europeu falou sobre a reunião mais tarde. Leffler disse que as divergências sobre a Ucrânia não afetaram as conversas, mas são um exemplo do que pode ser discutido em futuros debates. Falando horas antes do primeiro encontro, o Ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, criticou publicamente a União Europeia e os Estados Unidos por imporem sanções a uma série de autoridades russas. "Cuba rejeita energicamente a imposição de sanções contra a Rússia, sabendo que aqueles que as impõem são os mesmos governos que desencadearam guerras de conquista que intervêm nos assuntos internos de países soberanos e provocam a desestabilização de governos que não concordam com seus interesses dominadores", declarou Rodríguez ao lado de sua contrapartida russa, o ministro Sergei Lavrov, que estava na capital cubana. Leffler disse que o comentário de Rodríguez não afetou os dois dias de conversas, mas que ele tinha mencionado o tema da Ucrânia em um encontro separado entre os dois. "Discordamos claramente desta avaliação da política da UE para a Ucrânia e a Rússia no contexto da crise ucraniana", declarou Leffler em uma coletiva de imprensa. A Rússia anexou a região da Crimeia depois que o presidente ucraniano pró-Moscou, Viktor Yanukovich, foi deposto em fevereiro por manifestantes que exigiam laços mais estreitos com a Europa. Kiev e o Ocidente acusam a Rússia de incentivar uma campanha separatista no leste, acusação que Moscou nega. Leffler, um sueco que encabeça a diplomacia europeia nas Américas, disse que a crise ucraniana despertou dúvidas a respeito de soberania e integridade territorial que a UE considera fundamentais. Cuba se alinhou com Moscou, outrora seu maior aliado e fiador principal de Cuba nos tempos da União Soviética. As relações de Cuba com a União Europeia estão fragilizadas desde que os países-membros europeus adotaram uma "posição comum" em 1996 que colocou os direitos humanos e a democracia como condições para melhorar os laços com o país caribenho. Recentemente os dois lados concordaram em iniciar discussões sobre temas como direitos humanos, comércio e investimentos.

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