Escândalo de corrupção na Turquia se agrava com mais prisões e demissões

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Por DAREN BUTLER
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O governo do primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, removeu centenas de policiais durante a noite, informou a mídia local, como parte de uma investida contra um rival que ele acusa de tentar usurpar o poder do Estado ao prejudicar sua imagem por meio de uma investigação tendenciosa de corrupção. Alguns dos agentes, entre os quais membros de unidades de combate ao terrorismo, contrabando, crime organizado e financeiro, foram transferidos para serviços relacionados ao trânsito, de acordo com as notícias. A polícia de Ancara, principal foco da ação, não quis comentar o assunto. Apesar das demissões, que incluem comandantes em altos postos, a polícia e promotores prosseguiram com as prisões, que nesta terça-feira tiveram como alvo a companhia ferroviária estatal e um porto. Erdogan enfrenta o maior desafio de seus 11 anos de governo, período em que o Exército foi afastado da política, a economia floresceu e a Turquia ampliou seu papel no Oriente Médio. Ele define as investidas da Justiça e da polícia, e também as prisões, como um "complô sujo" de um clérigo islâmico. O religioso não apoia nenhum partido político, mas exerce, na surdina, ampla influência na polícia e no Judiciário. O escândalo de corrupção está abalando a confiança dos investidores na Turquia num momento em que a moeda do país, a lira, está com sua cotação atingindo níveis recordes de baixa, a inflação está subindo e o crescimento está mais lento. Além do fato de ter sua raiz ideológica no islamismo, o apoio ao governista partido AK tem se baseado em seu compromisso de luta contra a corrupção e no desempenho da economia. A incerteza provocada pelo escândalo poderia minar o crescimento econômico no curto prazo, disse o ministro das Finanças, Mehmet Simsek, enquanto a agência de classificação de risco Fitch alertava nesta terça-feira que uma crise prolongada poderia enfraquecer a credibilidade da Turquia. Os detalhes das acusações de corrupção não foram divulgados ao público, mas se acredita que estejam relacionados a projetos estatais de construção e ao setor imobiliário, além do comércio de ouro da Turquia com o Irã, segundo informações da imprensa turca, que cita documentos da promotoria. Empresários conhecidos, filhos de três ministros e autoridades do Estado estão entre as pessoas detidas para interrogatório. Das dezenas de interrogados, a maioria foi solta. Permanecem detidas sob custódia 24 pessoas, incluindo dois dos filhos de ministros, segundo a mídia local.

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