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Espiões russos têm de aprender com caso de traição, diz Medvedev

Jornal russo denunciou caso no qual espião de Moscou passou para o lado dos EUA

Atualização:

SEUL - O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, ordenou nesta sexta-feira, 12, que a agência de espionagem do país tenha mais cuidado com seus agentes. As declarações foram feitas depois que um agente em elevada posição hierárquica traiu a organização, passando para o lado dos EUA. O Serviço Externo de Inteligência (SVR) está às voltas com a traição do chefe das operações nos EUA, num dos mais graves fiascos do setor de inteligência da Rússia desde o fim da Guerra Fria. "Deveria haver uma investigação interna e é preciso aprender com as lições", disse Medvedev a repórteres em uma entrevista depois da cúpula do G20, em Seul. Quando questionado sobre a reportagem no jornal russo Kommersant, o primeiro a revelar a história, Medvedev disse que "a publicação do Kommersant não é novidade" e que ele sabia do caso 'no dia em que aconteceu." O diário russo identificou o homem como coronel Shcherbakov e disse que ele foi responsável pela descoberta da rede de espionagem russa nos EUA, em junho. A prisão de seus membros humilhou Moscou apenas alguns dias depois de uma reunião em Washington entre Medvedev e o presidente norte-americano, Barack Obama. Os agentes detidos foram trocados em julho por russos suspeitos de espionar para o Ocidente, em uma troca no estilo da Guerra Fria. Ao voltarem à Rússia, eles foram recebidos como heróis, cantaram canções patrióticas com o primeiro-ministro Vladimir Putin, que foi agente da extinta KGB, e receberam prêmios de Medvedev em uma cerimônia reservada no Kremlin. Na época, Putin disse que eles tinham sido traídos, mas a gravidade da descoberta da rede de espionagem e o fato de Shcherbakov ter conseguido deixar a Rússia alimentam especulações de que o chefe do SVR, Mikhail Fradkov, possa ser demitido. "O suposto espião era um alto funcionário russo e, portanto, alguém com grande acesso a informações altamente sensíveis, tais como identidades e ações dos operativos nos EUA", disse Jay LeBeau, um ex-dirigente da CIA. "Ele estava em posição de causar estragos enormes aos interesses da inteligência russa."

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