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Estudantes franceses vão às ruas, protestos anti-reforma crescem

Por FRANÇOIS MUR
Atualização:

Estudantes franceses protestaram contra as reformas do presidente Nicolas Sarkozy pelas ruas de Paris, nesta quinta-feira, e foram acusados pelo governo de tentar se aproveitar das manifestações contra a reforma previdenciária. Centenas de estudantes fizeram passeata desde a praça da Bastilha com cartazes que diziam: "Juntos tudo é possível" e "Cultura de graça, educação pública". O governo já enfrenta a ameaça de grandes paralisações trabalhistas na semana que vem por causa dos planos de reforma previdenciária. E agora os alunos começaram a ocupar prédios de faculdade para protestar contra a reforma universitária, que já foi aprovada. A nova legislação injeta 1 bilhão de euros na educação superior, dá às universidades mais liberdade para escolher seus alunos e abre caminho para a maior participação de escolas privadas no setor. A maior organização estudantil da França, a Unef, convocou os estudantes a participar da manifestação dos funcionários públicos marcada para 20 de novembro, mas alunos de universidades mais ativistas da região de Paris decidiram fazer a passeata já na quinta-feira. "É a escravização das universidades aos interesses das empresas", disse Igor Zamichiei, secretário nacional da União de Estudantes Comunistas. As entidades estudantis alegam que a lei não trata da pobreza dos estudantes e que vai criar um sistema dividido preocupado em financiar umas poucas instituições de elite. Mas o governo vê motivações políticas e diz que os estudantes só estão capitalizando com os outros protestos. "Para cada folheto distribuído hoje nas universidades há quatro em solidariedade aos movimentos dos trabalhadores", disse a ministra da Educação Superior, Valerie Pecresse. A França foi alvo de fortes protestos estudantis em 2005, quando o então premiê Dominique de Villepin foi obrigado a recuar de um plano sobre o primeiro emprego. Os protestos atuais são de escala bem menor, mas estão crescendo, e junto com o dos outros setores podem representar o primeiro grande desafio para o programa de reformas de Sarkozy. A polícia expulsou estudantes de prédios invadidos de universidades em Tolbiac e em Nantes. Na noite anterior, policiais haviam dispersado uma manifestação na Sorbonne. Uma universidade na cidade de Rennes foi fechada na quinta-feira depois de confrontos entre estudantes e funcionários por causa de uma votação sobre os protestos, afirmou a universidade Rennes 2. (Reportagem adicional de Thierry Leveque e Pierre-Henri Allain em Rennes; edição de James Mackenzie e Michael Winfrey)

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