EUA abandonaram escudo antimísseis, diz República Checa

Porta-voz polonês confirma fim de sistema de defesa que o governo americano instalaria no Leste Europeu

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 O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comunicou na quarta-feira à noite ao primeiro-ministro da República Tcheca, Jan Fischer, que Washington retira seu plano de construir uma base de radares na República Tcheca, disse o próprio chefe de Governo tcheco nesta quinta-feira, 17, em entrevista coletiva em Praga. Um porta-voz do Ministério da Defesa da Polônia, que também abrigaria parte do sistema antimísseis, confirmou que a Casa Branca desistiu dos planos da administração Bush para a instalação das bases.

 

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Informações da agência de notícias Associated Press dizem que o secretário de Defesa americano, Robert Gates, e comandantes militares devem fazer um anúncio sobre o assunto nesta quinta-feira. O porta-voz polonês informou que a Casa Branca deve fazer o anúncio oficial da decisão nesta manhã. O Pentágono confirmou que o governo fez um "grande ajuste" nos planos do sistema de defesa antimísseis para proteger melhor as forças americanas e os aliados europeus de mísseis iranianos.

 

A Rússia via o plano de defesa americano como uma ameaça direta, apesar das promessas americanas de que o sistema seria voltado apenas para Estados que considera rebeldes, como o Irã. Em novembro, o governo russo mudou seus mísseis balísticos para Kaliningrado, enclave russo situado entre a Lituânia e a Polônia - países membros da Otan. O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse na época que a intenção era "neutralizar, se necessário, o sistema (americano) de defesa antimísseis". Medvedev também disse que a Rússia ia interferir nas transmissões eletrônicas do sistema.

 

A imprensa informou nesta quinta que o governo americano abandonou os planos de construir o sistema de defesa antimísseis na Polônia e na República Checa. Segundo o Wall Street Journal, o polêmico plano será suspenso porque o programa de mísseis de longo alcance do Irã está menos avançado do que se pensava.

 

Um importante assessor de política externa da Polônia criticou a possível desistência dos norte-americanos. "Caso seja confirmado, isso seria um fracasso no pensamento de longo prazo da administração dos EUA para essa parte da Europa", avaliou Aleksander Szczyglo, chefe da segurança nacional da presidência polonesa. Segundo ele, o sistema antimísseis não tinha apenas uma dimensão militar, mas também uma "política e estratégica".

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O presidente Obama ordenou uma revisão do sistema de defesa, introduzido pelo presidente anterior, George W. Bush. Em agosto de 2008, os Estados Unidos assinaram um acordo com o governo polonês para instalar um sistema de defesa antimísseis no Mar Báltico e outro acordo para construir uma estação de radar na República Checa.

 

A expectativa era de que o sistema estivesse em operação até 2012. A Casa Branca alegava que o escudo era necessário para proteger aliados europeus e forças americanas na Europa da ameaça iraniana ou de outros países. Mas, segundo o Wall Street Journal, "os Estados Unidos vão basear sua decisão na determinação de que o programa de mísseis de longo alcance do Irã não progrediu tão rapidamente como previamente estimado, reduzindo a ameaça para os Estados Unidos e as principais capitais europeias, segundo funcionários e ex-funcionários do governo".

 

Citando fontes não identificadas, o jornal afirma que a Casa Branca vai ordenar uma "mudança em direção ao desenvolvimento de sistemas de defesa antimísseis regionais para o continente" para combater a ameaça dos mísseis iranianos de curto e médio alcance. Segundo o Wall Street Journal, o governo Obama "deve deixar aberta a possibilidade de reiniciar a introdução do sistema de defesa na Polônia e República Checa se o Irã avançar em seu programa de mísseis de longo alcance no futuro".

 

O Irã afirma que seu programa de desenvolvimento de mísseis é apenas para fins científicos, de vigilância e defesa, mas tanto o Ocidente como alguns países vizinhos temem que os foguetes possam ser usados para transportar ogivas nucleares. No próximo dia 1º de outubro, o Irã voltará a discutir seu programa nuclear com a Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos - os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - e a Alemanha.

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