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França institui data para homenagear mortos na guerra da Argélia

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A França determinou nesta quinta-feira que o dia 19 de março se torne uma data anual de homenagem às vítimas da guerra de independência da Argélia, num gesto diplomático para a ex-colônia, que será visitada no mês que vem pelo presidente socialista François Hollande. O Senado aprovou a celebração por 181 a 155 votos, encerrando anos de divergências a respeito de como marcar um conflito que deixou profundas cicatrizes na França e na Argélia. Hollande, que busca melhorar as relações bilaterais desde sua eleição, em maio, espera usar a visita de dezembro para convencer Argel a apoiar uma intervenção militar africana contra militantes islâmicos do vizinho Mali. A data escolhida alude ao cessar-fogo de 19 de março de 1962. "Os descendentes desse conflito mereciam uma data histórica e simbólica", disse o senador socialista Alain Neri, que reapresentou o projeto no Senado. A iniciativa, aprovada em 2002 pela Câmara, estava arquivada desde então, porque oponentes diziam que o 19 de março representa uma derrota para os franceses e que a escolha dessa data reacenderia antigos ódios. Esse grupo propunha a celebração em datas menos polêmicas, que caem em outubro ou dezembro. A definição da homenagem, meio século após o fim do conflito, não satisfez parentes de vítimas que exigem um pedido formal de desculpas da França por seu passado colonial. Mas esse pedido de desculpas desagrada a muitos "pieds noirs", franceses nascidos na Argélia, e "harkis", muçulmanos que lutaram no Exército francês contra insurgentes argelinos. Hollande se tornou no mês passado o primeiro presidente francês a admitir que argelinos foram massacrados durante um comício pela independência em 1961 em Paris, encerrando décadas de silêncio oficial sobre um incidente de violência policial que, segundo historiadores, deixou mais de 200 mortos. (Reportagem de Emile Picy)

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