
05 de abril de 2008 | 15h49
Em entrevista ao canal de televisão France 2 neste sábado, 5, o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, negou que o país esteja impondo condições para a participação do presidente Nicolas Sarkozy na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequim. "Tudo está em aberto", disse o ministro. "A França não impôs condições", disse Kouchner à emissora France 2, em uma tentativa de esclarecer o assunto após as declarações, depois desmentidas, da secretária de Estado de Direitos Humanos, Rama Yade. Em entrevista no jornal "Le Monde", Yade mostrou uma postura muito crítica em relação à política chinesa no Tibete e afirmou que existem "três condições indispensáveis" para que Sarkozy esteja presente na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. "São elas: o fim dos atos de violência contra a população e a libertação dos prisioneiros políticos, fim da censura sobre o que ocorre no Tibete e a abertura do diálogo com o dalai lama", líder espiritual tibetano, afirmou. Porém, horas depois da publicação da entrevista no jornal, Yade divulgou comunicado em que negava ter utilizado a palavra "condições". O Palácio do Eliseu não se manifestou, mas como várias vezes nas últimas semanas, Sarkozy não excluiu a hipótese de boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos e deu a entender que vai tomar sua decisão de acordo com a evolução dos fatos. "O presidente decidirá conforme o desenrolar da situação. Tudo ainda está em aberto, a posição da França não está decidida", afirmou Kouchner. O ministro explicou que "impor condições tornaria impossível um eventual diálogo", em referência à oferta de Sarkozy de facilitar o diálogo entre China e o Dalai Lama. Uma pesquisa divulgada neste sábado indica que 62% dos franceses apóiam o boicote de Sarkozy à cerimônia de abertura dos Jogos. Há duas semanas, este número era de 53%. De acordo com o ministério, Kouchner e Yade se encontraram neste sábado com várias associações de direitos humanos para falar da situação na China e no Tibete. O encontro serviu para reafirmar o apego ao respeito dos direitos humanos e sua disponibilidade em favorecer um diálogo concreto e construtivo entre as autoridades chinesas e o dalai lama - o único caminho para uma solução duradoura. Kouchner e Yade lembraram seu pedido a favor da reabertura do Tibete e da "liberdade de expressão e informação" para que os recentes eventos sejam esclarecidos, numa referência à repressão do Governo chinês às manifestações. Sobre a passagem da tocha olímpica por Paris na próxima segunda, Kouchner e Yade afirmaram que querem garantir o "bom andamento" do evento, mas vão respeitar "o direito das pessoas se manifestarem." O Governo preparou um grande esquema de segurança para o evento da semana que vem, que vai impedir a aproximação dos manifestantes da tocha. O jornal Le Monde negou ter errado a declaração da ministra. Ainda não se sabe se notícias de a entrevista foi gravada. Matéria alterada às 19h08 para acréscimo de informações
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