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França teme que atirador da escola judaica volte a atacar

Atualização:

A polícia francesa intensificou na terça-feira a busca por um atirador que aparentemente gravou em vídeo o momento em que ele matava três crianças e um rabino à queima-roupa em uma escola judaica. As autoridades dizem que o mesmo homem já havia cometido três assassinatos na semana passada, e alertam que ele pode voltar a agir. O homem, que foi visto dirigido uma motoneta, é descrito como sendo um atirador metódico e treinado, com visões "extremistas", e que já teria sido responsável por dois ataques que resultaram na morte de três soldados de ascendência norte-africana. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que o racismo parece ter sido uma motivação para o ataque de segunda-feira à escola judaica Ozar Hatorah, que ocorreu apenas cinco semanas antes do primeiro turno de uma eleição presidencial em que Sarkozy busca um segundo mandato. A imigração e o islamismo têm sido temas importantes numa campanha eleitoral na qual Sarkozy busca conquistar uma parcela do eleitorado que tem demonstrado simpatia pela ultradireitista Marine Le Pen. Analistas dizem que os atentados podem alterar os rumos do debate eleitoral, possivelmente abafando a retórica populista. O promotor François Molins disse a jornalistas em Paris que o autor dos ataques "é alguém que tem matado a cada quatro dias, que é extremamente organizado, (e) que tem uma arma de alto calibre". "Estamos diante de um indivíduo extremamente determinado, que sabe que está sendo caçado e que pode atacar outra vez", acrescentou. Molins disse que o agressor feriu o rabino Jonathan Sandler ao entrar na escola, onde encurralou uma aluna de oito anos, Myriam Monsonego, e a baleou na cabeça. Em seguida o homem teria voltado ao exterior para balear Sandler e seus dois filhos, que haviam corrido para socorrê-lo. A França tem as maiores comunidades judaica e muçulmana da Europa, e já registrou vários ataques contra ambos os grupos. Mas o atentado de segunda-feira foi a mais letal ação antissemita no país em quase 30 anos. A polícia reforçou a vigilância em locais religiosos, elevou o alerta antiterrorismo em Toulouse ao nível "vermelho" (o mais alto) pela primeira vez na França, e começou a investigar clubes de tiro para tentar identificar o assassino. "Vamos localizar esse monstro", disse o chanceler Alain Juppé, que viajaria para Israel acompanhando os corpos das quatro vítimas judias, que serão sepultados na quarta-feira. "Vamos encontrá-lo, vamos levá-lo à Justiça, e vamos puni-lo." Na semana passada, dois ataques, em Toulouse e na vizinha Montauban, resultaram na morte de três paraquedistas de ascendência estrangeira. Um quarto soldado alvejado, de origem caribenha, está em coma desde quinta-feira. Em todos os ataques, o agressor chegava numa motoneta Yamaha e usava uma pistola Colt 45. Ele escondia o rosto sob um capacete. (Por John Irish e Jean Décotte)

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