PUBLICIDADE

Geórgia amanhece ocupada pelas forças de segurança

Presidente anuncia estado de exceção após choques entre a polícia e manifestantes que pediam sua renúncia

Por Agências internacionais
Atualização:

As forças de segurança praticamente tomaram na manhã desta quinta-feira, 8, a capital da Geórgia, Tbilisi, onde na noite de quarta o presidente Mikhail Saakashvili decretou o estado de exceção por 15 dias em todo o país.   No centro de Tbilisi estão posicionadas numerosas forças policiais e militares. As tropas se concentram na avenida Rustaveli, a principal da capital, onde fica a sede do Parlamento.   Segundo sites de notícias russos, os líderes da oposição recomendaram que os militantes evitem se manifestar durante o período do estado de exceção, para não provocar confrontos desnecessários. As autoridades anunciaram ainda a suspensão das aulas até segunda-feira.   A Televisão Pública, a única autorizada a divulgar informação após a implantação do estado de exceção, lembrou à população que as medidas extraordinárias suspendem os direitos constitucionais de reunião e de recepção ou difusão de informação.   Apesar da censura, estão à venda os principais jornais do país, inclusive alguns independentes. O Resonans saiu com a manchete "Estado de exceção" e publicou fotografias das ações da polícia antidistúrbio contra os manifestantes de oposição nas ruas de Tbilisi na quarta-feira. As forças de segurança dispararam balas de borracha, jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo contra uma multidão que protestava na capital da ex-república soviética. Durante todo o dia ocorreram confrontos em diversas partes de Tbilisi, incluindo na principal avenida da cidade. Os manifestantes, por sua vez, lançaram pedras, garrafas e pedaços de madeira contra a polícia.   "Houve uma tentativa de golpe de Estado e de criar desordem, por isso tivemos de reagir", anunciou na TV o primeiro-ministro Zurab Nogaideli na quarta. "O presidente declarou o estado de emergência em Tbilisi, que será levantado quando a situação voltar à normalidade", disse o premiê, acrescentando que o decreto seria enviado ao Parlamento dentro de 48 horas, como prevê a Constituição, para sua aprovação.   Nogaideli informou que o direito de reunião estará sujeito a restrições, assim como "as incitações nos meios de comunicação à agitação e à deposição do governo". Horas depois, o ministro de Economia, Georgy Arveladze, esclareceu que o estado de emergência será de 15 dias e abrangerá todo o país. Saakashvili, um aliado dos EUA que tenta aproximar a Geórgia do Ocidente, acusou a Rússia de incitar aos protestos, que começaram na semana passada. As autoridades georgianas expulsaram três diplomatas russos.   Durante o dia, as forças especiais invadiram o escritório de uma TV da oposição - a Imedi - e tiraram a estação do ar. As transmissões da pequena TV independente Kavkasia também foram suspensas. A Imedi foi fundada por Badri Patarkatsishivili, um importante empresário que as autoridades dizem estar por trás dos protestos contra Saakashvili. O empresário georgiano fez fortuna na Rússia durante os turbulentos anos 90, mas voltou à Geórgia em 2000.   Forças da oposição têm se manifestado diante do Parlamento diariamente desde sexta-feira, quando mais de 50 mil pessoas protestaram contra o governo. Inicialmente, os protestos pediam mudanças no sistema eleitoral, mas após Saakashvili rejeitar as exigências e acusar os líderes dos manifestantes de servir ao Kremlin, eles passaram a exigir a renúncia do presidente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.