A Geórgia iniciou as hostilidades que tiveram como consequência a guerra contra a Rússia de agosto de 2008, mas em um contexto de tensão crescente provocado por Moscou, disseram fontes diplomáticas nesta quarta-feira, 30.
"É um relatório muito equilibrado", afirmaram as fontes sobre o relatório independente entregue nesta quarta-feira a russos, georgianos, União Europeia (UE), ONU e Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
A investigação, conduzida pela diplomata suíça Heidi Tagliavini, durou um ano e se concentrou nas origens e no desenvolvimento da guerra-relâmpago provocada pela declaração de independência das regiões georgianas da Abkházia e da Ossétia do Sul.
A UE, que financiou o relatório, mas não se considera responsável pelo mesmo, afirmou que as descobertas podem servir para esclarecer os fatos e ser úteis para resolver futuras crises "no campo da diplomacia preventiva".
A publicação do texto foi adiada por dois meses para contar com mais informação documental das partes, segundo fontes diplomáticas. Para outros analistas, no entanto, o atraso teve o objetivo de "equilibrar" o conteúdo, que atribuía a maior parte da responsabilidade ao governo de Mikhail Saakashvili.
Rússia e Geórgia se dizem satisfeitas com o relatório
O embaixador russo perante a União Europeia (UE), Vladimir Chizhov, recebeu com satisfação o relatório já que, segundo ele, "confirma a principal questão, quem começou a guerra e é responsável". Para Chizhov, o relatório "confirma o que os russos tinham avisado ao mundo em relação ao aumento das provocações do regime georgiano".
Por isso, disse confiar em que "os países e líderes que duvidaram tenham agora uma posição clara" e em que "os que deram ajuda militar aos georgianos pensem duas vezes". Ele afirmou ainda que a resposta russa ao ataque georgiano "foi proporcional", já que, se houvesse enviado um número menor de soldados, "teria alongado as hostilidades".
O ministro da Reintegração georgiano, Temur Iakobashvili, também elogiou o relatório. "O documento não fala em nenhum momento que a Geórgia tenha gerado a guerra", disse. Para ele, o relatório destaca que "o conflito foi o ponto alto das provocações cometidas pela Rússia e pelo regime separatista", disse.
Segundo Iakobashvili, o relatório ressalta que a Rússia prestava há anos "ajuda econômica e militar aos separatistas", e que suas "tropas regulares estavam na Ossétia do Sul antes de 7 de agosto", quando os ataques da Ossétia do Sul contra localidades georgianas teriam obrigado Tbilisi a entrar em ação.
Porém, o ministro ressaltou que Tbilisi discorda de algumas teses do relatório, como a que sustenta que não houve uma invasão maciça de tropas russas na Geórgia. Ele também rejeitou a afirmação de que as tropas georgianas, no começo do conflito, se excederam no uso da força militar contra a capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali.