
12 de setembro de 2008 | 11h20
O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, disse nesta sexta-feira, 12, que, mesmo que a Geórgia tenha sua entrada na Otan confirmada, seu país não hesitaria em atacar o vizinho, caso seja provocado. Medvedev afirmou ainda que buscará ampliar a cooperação econômica com a Ásia. Moscou vive crescentes tensões com o Ocidente, após a breve guerra entre os russos e a Geórgia, no passado. "O mundo mudou, e me veio à mente que 8 de agosto foi para a Rússia o mesmo que 11 de setembro para os Estados Unidos", disse o chefe do Kremlin, citado pela agência oficial russa Itar-Tass. Medvedev ressaltou que é uma "comparação exata, que corresponde às realidades russas". "Da tragédia do 11 de Setembro e de outros eventos trágicos, a humanidade extraiu lições. Queria que o mundo tirasse também lições destes fato (na Ossétia do Sul)", acrescentou. O presidente russo ressaltou que há zonas nas quais seu país "tem interesses" e acrescentou: "Negar isso não faz sentido e é pernicioso, pois vamos defender nossos interesses e os interesses dos cidadãos da Federação da Rússia". Medvedev afirmou que os acontecimentos no Cáucaso acabaram com as ilusões sobre a arquitetura de segurança mundial. "Aqueles que achavam que existia uma ordem mundial justa, que o sistema de segurança é ótimo, que continuam os contrapesos e que os principais jogadores estão em estado de equilíbrio compreenderam que isso não é assim". O presidente russo afirmou que a segurança do mundo atual "requer de uma intervenção importante de todas as forças construtivas para edificar uma nova estrutura de segurança". "A atual não nos satisfaz", disse. Na quinta-feira, o presidente russo afirmou que o rearmamento é uma das "prioridades" da Rússia depois do ataque georgiano contra a Ossétia do Sul. "Devemos nos concentrar no rearmamento. Está fora de qualquer dúvida, que nesta decisão influi a crise no Cáucaso, a agressão da Geórgia e sua contínua militarização", afirmou o presidente russo, em reunião com responsáveis da defesa do país. Falando em uma reunião anual no clube Valdai, um grupo de especialistas russos, Medvedev também disse acreditar que o ataque georgiano à região separatista da Ossétia do Sul, feito no dia 8 de agosto, é o equivalente russo aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. "Sem a diversificação de nossa economia em direção ao Leste, nossa economia não tem futuro. Nós faremos isso. Essa é uma das prioridades", disse Medvedev a um grupo de especialistas em política externa ocidentais, em Moscou. Mas Medvedev também garantiu que o desenvolvimento de relações econômicas em países asiáticos, particularmente na esfera energética, seria feito "sem causar danos ao Ocidente". As exportações russas de energia são tradicionalmente voltadas para a Europa. Mas o país tem investido em infra-estrutura, incluindo oleodutos e terminais de exportação, para vender petróleo e gás para a China e outras potências econômicas asiáticas.
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