07 de novembro de 2012 | 13h51
O projeto de lei, apresentado como a primeira grande reforma social da presidência de François Hollande, outorgaria aos casais gays o direito de adotar crianças, mas não permitiria a utilização de métodos de procriação assistida, como a inseminação artificial.
O Parlamento deve votar sobre as propostas até meados de 2013.
O projeto foi um acordo, deixando de fora a complexa questão da procriação assistida para facilitar sua aprovação no Parlamento. Mas deputados de esquerda prometeram alterar o texto para incluí-la.
Líderes de todas as grandes religiões e alguns deputados conservadores criticaram vigorosamente o plano e grupos católicos anunciaram manifestações de rua na próxima semana.
"Este é um passo importante para a igualdade de direitos", disse a ministra da Família, Dominique Bertinotti, a jornalistas depois de um encontro do gabinete aprovar o projeto para permitir o "casamento para todos", como seus defensores descreveram a reforma.
Uma porta-voz do governo disse que Hollande falou ao gabinete que a reforma seria um "progresso não só para alguns, mas para toda a sociedade", uma resposta clara a uma acusação feita pelo cardeal de Paris André Vingt-Trois de que era "uma fraude" favorecendo uma pequena minoria.
IGREJA E CONSERVADORES SÃO CONTRA
O líder da Igreja Católica Romana da França disse a seus colegas bispos na cidade de Lourdes no sábado que o casamento homossexual iria perturbar o equilíbrio da sociedade francesa e prejudicar as crianças que crescem sem um pai e uma mãe.
Jean-Francois Cope, secretário-geral do partido conservador UMP, afirmou que o plano do governo iria "atrapalhar" o Código Civil, que teria de ser reformulado para remover as referências de gênero nos parágrafos que tratam das questões familiares.
A crítica tem dominado o debate público nas últimas semanas, levando a uma ligeira queda no apoio dos eleitores ao casamento gay para cerca de 60 por cento, e para a adoção gay, cerca de 50 por cento.
Se a lei for aprovada, a França, uma sociedade tradicionalmente católica, onde os fiéis são agora uma minoria percentual de um dígito da população, passaria a ser o 12º país do mundo a permitir o casamento homossexual.
O grupo de direitos pró-homossexuais Inter-LGBT havia programado uma manifestação em frente à Assembleia Nacional na noite desta quarta-feira para exigir que a procriação assistida, que é atualmente disponível apenas para casais heterossexuais, seja incluída no projeto de lei.
A barriga de aluguel é ilegal na França e o projeto de lei não mudaria isso, o que significa que os gays não poderiam encontrar uma mãe de aluguel no exterior e ter a criança reconhecida como deles no retorno à França.
Os direitos de adoção ajudariam os casais gays que já têm filhos, porque o parceiro sem vínculo biológico com a criança poderia legalmente se tornar um pai. Estimativas indicam o número de casos deste tipo já entre 40.000 e 200.000.
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