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Governo português derruba moção de desconfiança

Atualização:

O governo português derrubou na quarta-feira uma moção parlamentar de desconfiança, ainda que o movimento tenha unido a oposição no Parlamento contra as políticas de austeridade e abalado o mercado de ações. A votação era praticamente simbólica, já que a coalizão de centro-direita no poder tem uma confortável maioria parlamentar. Mas o primeiro-ministro Pedro Passo Coelho disse que a moção passa a impressão de instabilidade política, num momento em que Portugal precisa da confiança dos investidores e credores. O Partido Socialista e dois outros pequenos partidos de esquerda reuniram 97 votos contra o governo, num total de 230 deputados. Eles acusam Passos Coelho de continuar "cegamente" fazendo cortes orçamentários, apesar do desemprego recorde e da pior recessão desde a década de 1970. Ações de empresas portuguesas, especialmente bancos, despencaram por causa das preocupações de que as medidas de austeridade --exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional em troca de um resgate financeiro-- sejam derrubadas pela Corte Constitucional. O índice PSI 20 teve queda de 3,5 por cento, e alguns bancos chegaram a registrar queda de 9 por cento. Passos Coelho disse que manterá os cortes, e acusou a oposição de adotar um "comportamento radical, que só pode trazer inquietação aos portugueses, e temores e dúvidas aos nossos parceiros externos e investidores em geral". O líder socialista António José Seguro afirmou que é hora de um novo governo assumir para "renegociar profundamente" os termos do resgate. A moção de não-confiança foi apresentada pelos socialistas, cujo governo anterior solicitou o resgate em 2011. Nos últimos meses, o partido passou a se insurgir contra as condições impostas pelos credores internacionais. "Seu governo está destruindo Portugal, e há apenas uma solução --substituir o governo incompetente", disse Seguro. "A marca deste governo é o fracasso: um país que está numa espiral recessiva e cada vez mais endividado." Admitindo as dificuldades econômicas, os credores de Portugal abrandaram no mês passado a meta de déficit do país e lhe deram um ano a mais, até 2015, para cortar 4 bilhões de euros dos gastos públicos. (Por Andrei Khalip e Daniel Alvarenga)

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