Grã-Bretanha acusa Rússia de armazenar substância mortal usada em ataque a ex-espião

Ministro de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, diz que Moscou mantém estoque do agente nervoso da era soviética Novichok, usado contra Serguei Skripal; embaixador russo na União Europeia rebate e diz que país destruiu estoque da substância

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LONDRES - O ministro de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Boris Johnson, disse neste domingo, 18, que a Rússia está armazenando o agente nervoso usado para envenenar um ex-agente duplo russo na Inglaterra e está investigando como essas armas podem ser usadas em assassinatos.

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A Grã-Bretanha disse que a Rússia usou o agente nervoso da era soviética Novichok para atacar Sergei Skripal e sua filha Yulia no primeiro uso ofensivo conhecido de tal arma em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. A Rússia negou qualquer envolvimento.

O ministro de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Boris Johnson. Foto: Jeff Overs/BBC via Reuters

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"Na verdade, temos evidências nos últimos dez anos de que a Rússia não está apenas investigando a entrega de agentes nervosos para fins de assassinato, mas também está criando e armazenando Novichok", disse Johnson à BBC.

A identificação de Novichok como arma se tornou o pilar central da argumentação da Grã-Bretanha para culpar a Rússia do envenenamento. A Grã-Bretanha e a Rússia expulsaram, cada uma, 23 diplomatas por causa do ataque, com as relações entre os dois países atingindo o nível mais baixo da Guerra Fria.

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Skripal, um ex-coronel da inteligência militar russa que traiu dezenas de agentes russos para a Grã-Bretanha, e sua filha estão lutando por suas vidas depois que eles foram encontrados desmaiados em um banco na cidade de Salisbury há duas semanas.

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Funcionários da agência mundial de fiscalização de armas químicas chegarão à Grã-Bretanha nesta segunda-feira para investigar as amostras usadas no ataque e os resultados devem ser conhecidos em cerca de duas semanas, informou o Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha.

O Ministério das Relações Exteriores disse que, se a Rússia estiver armazenando agentes nervosos, isso equivaleria a uma violação da Convenção sobre Armas Químicas, da qual Moscou é signatária.

O embaixador da Rússia na União Europeia, Vladimir Chizhov, disse ao mesmo programa que seu país destruiu suas reservas de tais substâncias e que um laboratório de pesquisas britânico poderia ser a fonte do agente nervoso usado no ataque.

Johnson rejeitou essas alegações e disse que a reação da Rússia "não foi a resposta de um país que realmente acredita ser inocente". "A resposta deles foi uma mistura de sarcasmo presunçoso, negação e ofuscação", disse ele.

Johnson disse que o Conselho Nacional de Segurança da Grã-Bretanha se reunirá no final desta semana para decidir "que medidas adicionais, se houver", podem ser tomadas, e que o governo pode decidir atacar a riqueza russa na Grã-Bretanha. / REUTERS

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