Grécia é pressionada em reunião da zona do euro e pede tempo

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Por JAN STRU
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A Grécia enfrentou a pressão de seus pares da zona do euro na segunda-feira para incrementar os cortes no orçamento e estancar os problemas no mercado de dívida, à medida que Bruxelas voltou a questionar os relatórios antigos do país sobre as finanças públicas. A Grécia é o primeiro país, nos 11 anos de história do euro, a tornar necessária uma declaração emergencial de apoio político de outros países europeus enquanto se esforça para enfrentar a pressão vinda dos mercados financeiros preocupados com sua dívida gigante. O ministro das Finanças George Papaconstantinou, no entanto, pediu para que não se pedisse que o governo, que enfrenta uma insatisfação pública crescente, fizesse muito em pouco tempo. "Estamos tentando mudar a rota do Titanic, isso não pode ser feito em um dia," disse Papaconstantinou, antes de uma reunião com ministros das Finanças da zona do euro em Bruxelas. "Se forem necessárias medidas fiscais adicionais, nós as tomaremos. Hoje é a Grécia, amanhã pode ser outro país. Qualquer país europeu pode ser o alvo das forças especulativas." A Grécia enfrenta dois grandes obstáculos nos próximos meses, com dois lotes de mais de 8 bilhões de euros de títulos do governo a serem refinanciados em abril e maio. Os mercados esperavam na semana passada que as reuniões desta semana pudessem gerar compromissos para uma ajuda financeira. O comissário europeu para assuntos monetários, Olli Rehn, no entanto, sugeriu que as conversações em Bruxelas, que, segundo autoridades, não tinham como objetivo produzir um plano de resgate concreto, iriam se concentrar em exigir mais da Grécia do que se anunciou. Rehn afirmou que os ministros apoiaram o plano de três anos da Grécia e a meta deste ano de um corte de 4 pontos percentuais no déficit --indo de 12,7 por cento do produto interno bruto em 2009 para 8,7 por cento do PIB --, mas que poderia ser difícil que ela fosse alcançada. "Esperamos que, no curso devido, o governo grego tomará as medidas adicionais necessárias para atingir essa meta. Nossa opinião é de que os riscos relacionados à implementação e à macroeconomia e aos mercados estão se materializando," disse Rehn. "E, portanto, há razões claras para medidas adicionais." ECONOMIA ESTACIONADA Na semana passada, a Grécia confirmou que ainda estava em recessão no último trimestre de 2009. A zona do euro como um todo cresceu pouco, enquanto a economia alemã estacionou e a Itália e a Espanha também registraram quedas no PIB, tornando tanto a redução do déficit como o fornecimento de assistência mais difíceis. Jean-Claude Juncker, que presidiu as conversações de segunda-feira, repetiu as observações de Rehn e salientou que os líderes europeus haviam prometido apoio em uma cúpula na última quinta-feira, sob a condição de que a Grécia se mantivesse firme a planos viáveis para arrumar suas finanças. "Teremos uma discussão sobre a base sobre a qual a cúpula do Conselho Europeu concordou," disse Juncker, o primeiro-ministro de Luxemburgo e presidente do chamado Eurogrupo, fórum onde os ministros discutem regularmente as questões pan-europeias. "Está claramente mencionado que a Grécia tem de garantir que corte seu déficit orçamentário para 2010 em quatro por cento e temos de verificar se isso é possível ou não e tudo dependerá das repostas dadas a essa questão crucial," afirmou ele. Líderes da UE esperam que a pressão e um esforço feito pela Grécia serão suficientes para controlar os problemas de déficit e da dívida do país e acalmar os mercados.

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