Gregos fogem dos incêndios, que já mataram 63 pessoas

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Por KAROLOS GROHMANN
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Milhares de gregos abandonaram suas casas na segunda-feira para fugir dos incêndios, que eram espalhados mais rápido pelos fortes ventos. As chamas vêm devastando o país e mataram 63 pessoas em quatro dias. As autoridades gregas enviaram helicópteros para resgatar pessoas cercadas pelo fogo em vilarejos isolados, e a União Européia também mandou ajuda. O governo do primeiro-ministro Costas Karamanlis rebateu as críticas de que não tomou providências rápido o suficiente para evitar que os incêndios se espalhassem do sul do Peloponeso até Atenas e à cidade de Ioannina, no norte do país, e afirmou que se trata de incêndios criminosos. "Não pode ser acidente", disse o porta-voz do governo Theodore Roussopoulos sobre os incêndios que destruíram vilarejos inteiros. Ele disse que o governo vai manter a data programada para as eleições parlamentares, 16 de setembro. No Peloponeso, um forte centro turístico, colunas de fumaça negra erguiam-se de florestas de pinheiros e plantações de oliveiras, às vezes encobrindo até o sol. "Estamos queimando ... Por favor nos ajudem. Onde estão os helicópteros?", gritou um homem desesperado em seu telefone celular no vilarejo de Frixa, cercado pelas chamas. "Está vindo para nós, olhe!", disse uma mulher coberta de fuligem na cidadezinha de Skillountia, com o fogo a cerca de 500 metros de distância. "Para onde vou? Se o fogo chegar mais perto tenho que abandonar minha casa, que é tudo o que tenho." No domingo, os bombeiros ganharam a batalha contra o fogo para salvar Olímpia, o berço dos Jogos Olímpicos, na península do Peloponeso, contendo o fogo que ameaçava os estádios e templos da Antiguidade. Cerca de 2.000 manifestantes fizeram uma passeata em Atenas até o Parlamento para protestar contra o que consideram incompetência do governo. "Estou absolutamente furioso. Como isso pôde acontecer conosco? Não houve planejamento nenhum, e agora temos 63 mortos", disse Nicoleta Petsa, 30, que levou os dois filhos à manifestação, organizada por grupos esquerdistas e anti-globalização. A oposição atacava o governo, e os jornais de Atenas trouxeram manchetes dizendo: "Incompetentes! Luto pelos mortos. Revolta com a ausência de Estado" e "Vergonha pelo colapso do Estado". O governo ofereceu recompensas de até 1 milhão de euros para quem ajudar a localizar os autores dos supostos incêndios criminosos. O país declarou estado de emergência em todo o seu território. Aviões com ajuda chegaram da França, da Espanha e da Itália. Bombeiros de Chipre, França e Israel foram enviados para a Grécia, e ainda deviam chegar colaborações de mais dez países na segunda-feira. (Reportagem adicional de Michele Kambas e Renee Maltezou)

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