Greve geral afeta transportes, mas não paralisa a França

Segundo protesto em menos de 2 meses prejudica trens e aviação; sindicatos esperam mais de 200 passeatas

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Por Agências internacionais
Atualização:

Trabalhadores franceses lançaram nesta quinta-feira, 19, uma nova onda de greves nacionais afetando o transporte público, aeroportos, escolas, correios, empresas de setores de energia e telecomunicações e outros serviços do país, como rádios e TVs estatais. Em meio à crescente tensão social no país, os grevistas reivindicam que o governo francês tome medidas para proteger o emprego e adote iniciativas para melhorar o poder aquisitivo da população. De acordo com a poderosa organização sindical CGT, mais de 200 passeatas estão previstas em diversas partes da França.

 

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No início da tarde, dezenas de milhares de pessoas marchavam pelas ruas de Marselha e Lyon, duas cidades bastante atingidas pela crise econômica. O tráfego ferroviário foi afetado em praticamente toda a França, apesar de os trens de alta velocidade que levam a outros países europeus não estarem sofrendo atrasos. No Aeroporto de Orly, o segundo maior de Paris, um terço dos voos de média distância foram afetados por atrasos. Os voos de longa distância não foram afetados. O metrô da capital francesa parecia menos cheio pelo fato de muita gente ter ficado em casa.

 

As escolas, os hospitais, os serviços postais e o transporte público de Paris também foram afetados porque muitos professores, médicos e carteiros aderiram à paralisação. As greves realizadas nesta quinta e em janeiro não afetaram seriamente a economia nem desencadearam protestos sociais, ao contrário das paralisações de meados da década passada. Em Paris, a polícia local abriu duas rotas para os protestos dos grevistas, previstos para começar à tarde. Os sindicatos convocaram trabalhadores dos setores público e privado para a paralisação.

 

Apesar da queda nos índices de popularidade, Sarkozy parece enfrentar bem menos pressão política do que outros líderes europeus e goza de maioria confortável no Parlamento. Uma greve realizada no fim de janeiro colocou entre 1 milhão e 2,5 milhões de pessoas nas ruas da capital francesa, segundo diferentes estimativas. Semanas depois, Sarkozy anunciou medidas para ajudar pessoas afetadas pela crise financeira, inclusive bônus especiais aos necessitados.

 

Os sindicatos exigem mais negociações e mais medidas para auxiliar os franceses afetados pela crise. Na véspera, Sarkozy disse a seus ministros durante uma reunião que "compreende os temores dos franceses", mas disse que não pretende anunciar nenhuma medida adicional.

 

Crise

 

A situação social vem se deteriorando desde a última greve geral, em 29 de janeiro, a primeira de grande porte enfrentada pelo presidente Nicolas Sarkozy. Mais de 90 mil pessoas ficaram desempregadas em janeiro, número sem precedentes registrado em apenas um mês - e que representa o dobro do total registrado em dezembro de 2008. Desde então, outras grandes empresas anunciaram centenas e, em alguns casos, milhares de demissões.

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O caso que mais vem provocando protestos é o da empresa petrolífera Total, que registrou lucro de 13,9 bilhões de euros no ano passado - o maior da história no país - mas nesta semana anunciou 555 demissões nas áreas de petroquímica e refinaria na França. Por causa da recente onda de demissões, os sindicatos esperam participação ainda maior do que na greve anterior, que reuniu mais de um milhão de pessoas.

 

Como em janeiro, também se espera forte presença de trabalhadores do setor privado, fato até então atípico em greves na França, normalmente realizadas por funcionários públicos. A expectativa é de que trabalhadores das montadoras Peugeot Citroën e da Renault, além de empregados do Carrefour, Total, Rhodia e Saint Gobain, entre outras empresas, participem dos protestos. Entre os jovens, o clima de insatisfação também aumenta. Metade das universidades do país, cerca de 40, já vêm fazendo greve total ou parcial nos últimos dias, para protestar contra a reforma do ensino superior.

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