UCRÂNIA: PRÓXIMOS PASSOS
Putin tem buscado manter o mundo em dúvida sobre cada um dos seus atos na crise ucraniana, mas um dos seus objetivos parece ser há tempos evitar que a Ucrânia se distancie ainda mais da órbita de Moscou e se aproxime das forças europeias.
Sanções ocidentais por conta da anexação da Crimeia, que agravaram as dificuldades econômicas russas, não foram suficientes para afetar o apoio a Putin na Rússia.
Ele tem rejeitado acusações de Kiev e do Ocidente de que mandou tanques e tropas para o leste da Ucrânia em apoio aos rebeldes separatistas.
Em Brisbane, Putin descreveu a sua versão dos eventos como “realidade”, comparada com a “vida virtual” narrada pela mídia e líderes ocidentais.
Com uma trégua que parece mais frágil do que nunca, uma volta ao conflito total é possível no leste da Ucrânia.
Os comentários de Putin, no entanto, sugerem que ele pode tender pela manutenção do "status quo" nas regiões do leste controladas por separatistas.
Isso significaria um conflito sem resolução, “congelado”, o que tornaria o leste ingovernável para Kiev e impediria o movimento dos líderes da Ucrânia em direção à Europa.
Numa entrevista publicada no domingo, Putin disse que a Ucrânia é uma entidade única e apoiou a federalização, em vez da adesão da regiões ucranianas que falam russo à Rússia.
"A Ucrânia é um Estado independente, livre e soberano”, disse ele. “Vou dizer uma coisa que algumas pessoas no país podem não gostar. Vamos tentar conseguir um espaço político único nesses territórios.”
O próximo passo na crise pode ser a renegociação do cessar-fogo. Putin disse que há problemas com a implementação do acordo e pediu o diálogo. Os rebeldes foram mais longe e afirmaram que o acordo deve ser retrabalhado.