Julgamento de Fritzl é retomado a portas fechadas na Áustria

Júri vai analisar vídeo com o testemunho da filha presa em um porão e abusada por 24 anos pelo pai

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Por Agências internacionais
Atualização:

O julgamento de Josef Fritzl foi retomado nesta terça-feira, 17, e, em seu segundo dia, espera-se que o júri siga analisando o testemunho em vídeo de Elisabeth sobre os 24 anos em que foi estuprada e mantida enclausurada por seu próprio pai no porão de casa na Áustria. Ela não quis comparecer ao julgamento para não precisar ver o pai.

 

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Depois que a imprensa teve na segunda-feira um breve acesso à sala no momento da leitura das acusações e das alegações de defesa e promotoria, a sessão desta terça em Sankt Pölten começou a portas fechadas, pouco depois das 9 horas (5h, em Brasília), para proteger a intimidade da vítima. Os oito membros do júri ouvirão novos fragmentos da declaração de Elisabeth Fritzl, a principal vítima, sobre sua vida no porão, onde foi encarcerada quando tinha 18 anos e deu à luz sete filhos do próprio pai,.

 

O acusado será interrogado e também se espera que sejam apresentados relatórios sobre o estado mental do acusado e sobre sua possível responsabilidade na morte de um dos bebês. A Promotoria acusa Fritzl de assassinato por omissão de ajuda, um delito punido na Áustria com entre 20 anos e prisão perpétua. O veredicto deve ser anunciado até sexta-feira.

 

Aparentando tranquilidade, o austríaco Josef Fritzl declarou-se na segunda-feira culpado de incesto e cárcere privado de sua filha Elisabeth. Fritzl, no entanto, afirmou - no primeiro dia de seu julgamento - ser "parcialmente culpado" do crime de estupro e inocente das acusações de escravizar Elisabeth e assassinar um dos bebês que teve com ela. A criança teria morrido poucos dias após o parto por falta de assistência médica. Elisabeth, hoje com 43 anos, deu à luz sete filhos, resultados da relação incestuosa.

 

Rosemarie, mulher de Fritzl e mãe de Elisabeth, recusou-se a testemunhar. Segundo a polícia, ela criou três dos filhos que Elisabeth teve com o pai, acreditando que a filha os havia abandonado e sem conhecer a verdade sobre a paternidade das crianças.

 

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Ao ser resgatada, Elisabeth contou que começou a sofrer abusos do pai quando tinha 11 anos. Aos 18 anos, o pai a prendeu no porão, onde passou os primeiros meses algemada. Durante nove anos ficou confinada num único cômodo. Seus filhos sempre testemunhavam os abusos sexuais cometidos por Fritzl. Os três que ficaram com ela no porão nunca haviam visto a luz do sol até serem libertados.

 

Após sequestrar a filha, Fritzl disse à família que ela havia fugido para viver numa seita.Engenheiro, Fritzl construiu um porão à prova de som e reforçou a única porta do local. A defesa tentará apagar a imagem de monstro associada a Fritzl, alegando que ele pôs a vida da filha de 19 anos acima de sua própria segurança. Ele só foi descoberto porque a menina ficou doente e ele a tirou do cativeiro para levá-la ao hospital.

 

A imprensa austríaca destacou nesta terça a "covardia" do acusado, que entrou na sala do julgamento com a cara tapada com uma pasta azul, onde guardava seus documentos. Em entrevista à televisão pública austríaca ORF, o advogado de defesa Rudolf Mayer explicou que seu cliente "estava muito nervoso e muito envergonhado" com a presença da imprensa, e por isso decidiu esconder o rosto. Mayer lembrou a dificuldade jurídica de provar que Fritzl foi responsável pela morte do bebê e lembrou que se trata de confrontar o depoimento da vítima com o do acusado. Apesar de saber que "grande parte dos atos de Fritzl são disformes", o advogado insistiu que seu objetivo é conseguir um veredicto sem preconceitos.

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