Julgamento de suposto nazista ouve histórias sobre horrores

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Por IRENE PREISINGER
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Um sobrevivente do campo de concentração nazista, onde o acusado John Demjanjuk teria ajudado a matar 27.900 judeus, lembrou no tribunal na terça-feira como perdeu a mulher depois de uma viagem de trem de três dias para o centro de extermínio. Demjanjuk, deitado em uma cama de hospital, não disse nada enquanto Jules Schelvis, de 88 anos, descrevia sua chegada no campo de extermínio de Sobibor, na Polônia, onde, segundo promotores alemães, Demjanjuk teria ajudou na matança. O operário aposentado de uma fabricante de carros dos EUA não demonstrou emoção enquanto Schelvis lembrava como foi jogado em um vagão de trem para a viagem até Sobibor, onde foi separado da mulher na chegada. "Não pude cumprimentá-la nem beijá-la mais. Tivemos que olhar para a frente", disse Schelvis, sua voz tremendo com emoção. Os promotores disseram que pelo menos 250 mil judeus foram mortos em Sobibor. Eles acusam Demjanjuk, que estava no topo da lista de criminosos de guerra mais procurados do Centro Simon Wiesenthal, de ajudar a matar milhares de judeus no campo. Schelvis, cuja mulher morreu nas câmaras de gás, disse ter se juntado a outros 80 jovens assim que chegou a Sobibor e que eles foram enviados para trabalhar em outro campo, onde quem reclamava do trabalho era enforcado. "Vi coisas horríveis", lembrou o aposentado holandês, que perdeu vários parentes em Sobibor. O caso de Demjanjuk deve ser o último grande julgamento da era nazista. Devido à sua saúde frágil, as audiências estão limitadas a sessões de 90 minutos por dia.

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