29 de julho de 2010 | 23h23
GENEBRA- O ministro de Exteriores de Kosovo, Skender Hyseni, qualificou nesta quinta-feira, 29, de "desastre" o projeto de resolução que a Sérvia apresentou na Assembleia Geral das Nações Unidas, que pede o diálogo entre as duas partes, mas rejeita a independência kosovar.
Veja também:
Sérvia pede à ONU para inibir ações separatistas
"Vi o texto e é um desastre", disse em entrevista coletiva Hyseni, que pediu ao governo sérvio que mude de "mentalidade" pelo bem da região dos Bálcãs.
O ministro considerou que, após a recente sentença da Corte Internacional de Justiça (CIJ) a favor da independência de Kosovo, as autoridades sérvias adotaram uma postura "que deixa muitos países nervosos".
"A intransigência sérvia mantém toda a região dos Bálcãs ocidentais atrasada, tanto no âmbito político como no econômico, e mantém detida sua perspectiva europeia", indicou.
Hyseni lembrou que foi a Sérvia quem propôs à Assembleia Geral da ONU solicitar a opinião da CIJ. Por isso, agora deveriam respeitar a decisão dos juízes.
"Não há outra saída senão uma cooperação, de Estado a Estado, entre Sérvia e Kosovo, sobre um futuro comum, que é a União Europeia (UE)", indicou.
Nesse aspecto, ele minimiza a importância de que cinco países dos 27 membros da UE (Espanha, Grécia, Eslováquia, Romênia e Chipre) não reconheçam a ex-província sérvia.
Para o ministro kosovar, não será possível a esses países manter sua atual recusa frente à opinião dos outros 22 países-membros, já que a UE necessita de "uma política coerente" em relação aos Bálcãs.
Por sua vez, o ministro de Exteriores da Sérvia, Vuk Jeremic, se reuniu hoje com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para falar sobre a proposta de seu país à Assembleia Geral do organismo, entre
outras coisas.
O projeto de resolução faz parte da ofensiva diplomática sérvia iniciada depois do revés que representou a decisão de 22 de julho dos magistrados da CIJ de aprovar, em um parecer não-vinculante, a declaração unilateral de independência de Kosovo.
As autoridades sérvias mantêm sua rejeição à autoproclamada independência de sua província do sul e esperam receber apoio internacional para continuar negociando uma saída diplomática ao conflito.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.