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Kosovo pede à Sérvia que aceite futuro separado e cordial

Por MATT ROBINSON
Atualização:

Os líderes da maioria albanesa de Kosovo pediram na quinta-feira à Sérvia que pare de dificultar a independência dessa província e em vez disso olhe para um futuro de relações amistosas entre dois Estados soberanos. Os albaneses de Kosovo foram os primeiros a se reunir com mediadores internacionais em Viena para negociações sobre o futuro da região. A delegação sérvia encontra os representantes de Rússia, Estados Unidos e União Européia ainda na quinta-feira. Não há perspectiva de acordo. Os albaneses de Kosovo, há oito anos sob administração direta da ONU, exigem a independência, o que os sérvios rejeitam terminantemente. "Temos a oportunidade de dar uma real clareza à independência de Kosovo", disse o primeiro-ministro da província, Agim Ceku, à "troika" diplomática, segundo uma nota. "O núcleo disto é a nossa relação com a Sérvia. Temos a oportunidade de estabelecer os fundamentos de uma relação madura, estável e funcional entre vizinhos independentes." Sérvios e albaneses passaram 13 meses tentando se entender, até março, quando o mediador da ONU, Martti Ahtisaari, paralisou o processo, declarando que um acordo seria impossível e que o correto seria declarar a independência de Kosovo sob supervisão da União Européia. Mas a Rússia, aliada da Sérvia, bloqueou o plano no Conselho de Segurança da ONU. Com relutância, o Ocidente aceitou novas negociações, que espera concluir até 10 de dezembro, quando os diplomatas apresentam um relatório à ONU. A Rússia rejeita esse prazo. Em uma nota conciliadora lida a jornalistas após a reunião, a delegação kosovar disse ter insistido que o pacote de Ahtisaari "não pode ser renegociado" e que nos encontros deve haver garantias de que "o oeste dos Bálcãs finalmente entrará numa era de existência pacífica." Os albaneses de Kosovo se sentiam discriminados na década de 1990, sob o regime do falecido líder sérvio Sloboand Milosevic. Quando pegaram em armas, atraíram uma brutal reação sérvia, contida por bombardeios da Otan em 1999. Desde então, Kosovo está sob ocupação das forças da Otan (atualmente, 16 mil soldados de 35 países). A população de etnia albanesa promete nunca mais fazer parte do país que tentou eliminá-la. Belgrado, por sua vez, diz que a independência de Kosovo violaria o direito internacional. Diplomatas estrangeiros temem que, diante do inevitável, Belgrado jogue duro para sufocar economicamente o novo país, interrompendo acessos rodoviários, por exemplo. Os dois lados se reúnem separadamente com a "troika" na quinta-feira e devem conversar diretamente em outubro ou novembro. Diplomatas e alguns políticos kosovares prevêem tensão caso o impasse persista. Kosovo diz que vai declarar independência de forma unilateral após 10 de dezembro. (Reportagem adicional de Douglas Hamilton)

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